CI

Pesquisadores recomendam medidas de manejo no final da safra de algodão

Na entressafra, atenção é voltada para controle do bicudo

Anthonomus grandis Boheman, 1843 (Coleoptera: Curculionidae) é o nome científico de um inseto cuja capacidade para provocar perdas de produtividade nas lavouras de algodão é inversamente proporcional ao seu tamanho. Empenhados em tornar mais eficiente o manejo do bicudo no final de safra e no período da entressafra, os pesquisadores entomologistas do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt), Eduardo Moreira Barros e Jacob Crosariol Netto, alertam os produtores para os cuidados necessários ao controle daquela que é considerada a principal praga da cultura do algodoeiro no Brasil.

A grande preocupação dos entomologistas é justamente com a etapa final do cultivo do algodoeiro, quando se acredita que a produção já está garantida e que a população da praga não causará problemas e/ou perdas consideráveis. "Devido a essa mentalidade equivocada, em geral, a cadeia produtiva negligencia o manejo da praga no fim da safra e não se atenta para os riscos que esses indivíduos podem representar para a safra seguinte", alertam os pesquisadores em artigo elaborado em parceria com Guilherme Gomes Rolim e Felipe Colares, doutorandos em Entomologia Agrícola da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).

Segundo eles, a capacidade adaptativa da praga, principalmente através do sucesso em se manter na entressafra e migrar para lavouras subsequentes, exige rigor na adoção de medidas de manejo de final de safra e entressafra por toda cadeia produtiva do algodão, sempre de forma conjunta e coordenada por região, visando minimizar problemas futuros por meio da redução da pressão da praga no início da safra seguinte.

No artigo "Bicudo-do-algodoeiro e seu manejo no final da safra e pós-colheita", Barros, Crosariol Netto, Rolim e Colares recomendam 10 medidas de manejo que devem ser adotadas na fase final de desenvolvimento das lavouras de algodão e no período de entressafra, com o intuito de auxiliar os produtores a reduzirem a população, e consequentemente estabelecerem uma boa convivência com o bicudo-do-algodoeiro:
 
1-Ações conjuntas entre produtores, para alinhar aplicações de inseticidas entre propriedades vizinhas (datas, horários e produtos), concentração nas atividades de manejo e trocas de informações, visando a padronização das ações de manejo.

2-Aplicações de inseticida em final de ciclo, a fim de manter as aplicações para o bicudo-do-algodoeiro mesmo após a abertura dos primeiros capulhos, dividir as aplicações, deixando a última coincidindo com a desfolha, visando a redução populacional no final de safra.

3-Priorização das técnicas recomendadas pela Tecnologia de Aplicação, realizando aplicações dos inseticidas com equipamentos ideais e regulados, sejam bicos hidráulicos ou rotativos, pulverizações com condições ambientais adequadas (por exemplo, vento, inversão térmica, umidade relativa, temperatura), e atenção às misturas de adjuvantes, espalhantes, óleo, etc.

4-Instalação de Tubos Mata-Bicudo (TMB), inicialmente na pré-colheita, e manter até 30 dias antes do próximo plantio do algodão. Recomenda-se instalar em todo perímetro externo do plantio do algodão ou no mínimo nas áreas consideradas portas de entrada e saída (refúgios).

5- Carregamento e transporte adequado de fardos, rolos e/ou caroço de algodão, a fim de evitar a propagação de plantas em beira de rodovias, estradas vicinais, algodoeiras, etc. Plantas que nascem e se desenvolvem nestes locais abrigam inúmeras pragas (especialmente, o bicudo-do-algodoeiro), e como não existe manejo nestas plantas, as pragas se mantém e se multiplicam, migrando para as lavouras comerciais posteriormente.

6-Destruição de soqueira eficiente e bom manejo de plantas tigueras, nos dias atuais um dos principais fatores que tem contribuído para o aumento populacional do bicudo-do-algodoeiro são a rebrota de plantas soqueira e a presença de plantas tiguera nos talhões/áreas de plantio. Anteriormente, a praga migrava para as áreas de refúgio e reduzia seu metabolismo, entrando em dormência reprodutiva e se alimentando esporadicamente de pólen e frutos de plantas do Cerrado. Entretanto, com a dificuldade atual de manejo de plantas remanescentes de algodão, seja soqueira ou tiguera (por exemplo, plantas transgênicas resistentes ao herbicida glifosato), o bicudo-do-algodoeiro está se mantendo e se reproduzindo no interior dos talhões/áreas, sendo um ambiente favorável não só para ele passar o período da entressafra, mas também para se multiplicar, conseguindo atingir elevadas populações para o cultivo de algodão subsequente.

7- Colheita rápida e bem-feita, pois, quanto mais concentrada for a colheita, melhor e maior será o período para destruição dos restos culturais nas propriedades.

8-Cumprimento de vazio sanitário, previsto por lei, aonde não é permitido o cultivo e/ou presença de plantas nas áreas.

9-Monitoramento na entressafra, é altamente recomendável monitorar as áreas de algodão, através do armadilhamento, utilizando armadilhas iscadas com feromônio sexual do bicudo (grandlure), iniciando 30 dias antes do plantio e mantido até o início do surgimento dos primeiros botões florais. Além disso, recomenda-se a instalação de Tubos Mata Bicudo em todo perímetro externo do plantio do algodão, e quando não for possível, instalar pelo menos nas áreas consideradas portas de entrada e saída (refúgios). Vale ressaltar que o histórico de captura de bicudo/armadilha/semana (número BAS) determina a definição das zonas de infestação, auxiliando nas aplicações a partir do surgimento do primeiro botão floral (B1). A classificação das zonas de infestação segue os seguintes parâmetros:
Zona verde – 0 BAS, sem necessidade de aplicação;
Zona azul – 0 a 1 BAS, fazer uma aplicação;
Zona amarela – 1 a 2 BAS, fazer duas aplicações sequenciais, com intervalo de cinco dias;
Zona vermelha – acima de 2 BAS, fazer três aplicações sequenciais, com intervalo de cinco dias.

10-Destruição de plantas de algodão às margens de rodovias e estradas vicinais, bem como no entorno de algodoeiras, visando eliminar qualquer tipo de planta hospedeira.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.