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Trump não deve alterar cenário do agronegócio

Medidas protecionistas podem beneficiar o Brasil


A eleição de Donald Trump como novo presidente dos Estados Unidos, confirmada na madrugada desta quarta-feira (09.11), não deve trazer grandes alterações no cenário do agronegócio, muito menos para o Brasil. Essa é a avaliação de especialistas ouvidos pelo Portal Agrolink, que apontam como pequena a margem de manobra do republicano no setor.

“Ele pode sobretaxar os nossos produtos [brasileiros] para proteger a economia norte-americana, e tem o Congresso na mão. Só que, ao mesmo tempo, ele não pode pegar pesado. Um dos motivos é que a China tem 20% da dívida americana, ou seja, os chineses criam uma crise nos EUA a hora que desejarem”, afirma o economista Alexandre Cabral, da NeoValue Investimentos.

De acordo com o especialista, não é interessante para a saúde da economia norte-americana provocar um clima de instabilidade mundial. Ainda mais neste momento em que o país colhe safras recordes de soja e milho e precisa compradores para escoar uma quantidade excedente de grãos. “Se atrapalhar o mundo, o mundo deixa de crescer... Eles vão vender para quem?”, questiona Cabral.

Por outro lado, o trader de grãos Dave Holloway, radicado em uma região produtora de milho no estado de Michigan, afirma que Trump representa uma movida protecionista que ameaça o setor agrícola nos Estados Unidos: “É muito problemático para a agricultura. Nós despejamos muito milho e adoçante de milho no México. Vendemos muita soja e produtos derivados de animais para a China”.

No entanto, Holloway aponta que essas medidas devem beneficiar o Brasil. “Se o Trump colocar em prática essa briga, os preços aumentarão e esses três países recorrerão ao Brasil. Não somos a única ‘loja’ da cidade. Os chineses estarão felizes de ajudar a melhorar infraestrutura do Brasil”, afirmou o trader ao Blog AgroSouth News.

Darin Fessler, que assessora produtores rurais no estado de Nebraska, afirma que “só o tempo dirá sobre a capacidade de Trump para negociar com a China e o Japão. Talvez faça apenas algumas mudanças no que se refere à indústria e as moedas. Mas como seu discurso não tem substância, nada fica claro. O mercado seguirá acompanhando isso com atenção. Seria melhor que pudéssemos abrir novos mercados para nossos produtos”, conclui Fessler.

Do ponto de vista do mercado financeiro, a instabilidade das bolsas de valores mundiais verificada logo após a confirmação de Trump pode provocar uma alta do Dólar frente a outras moedas. Como consequência, a aversão ao risco pode afugentar investidores para ativos mais seguros, retirando capital das commodities agrícolas.

Foto: Gage Skidmore (Wikimedia)

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