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“Se não fosse o agronegócio, situação do país estaria insustentável”

Avaliação de José Luiz Tejon Megido, do CCAS



Na avaliação de José Luiz Tejon Megido, diretor vice-presidente de Comunicação do Conselho Cientifico para a Agricultura Sustentável (CCAS), o Brasil vive hoje uma “agrodependência”. O especialista sustenta que essa realidade “exige uma nova consciência”


“O Brasil, no acumulado do primeiro semestre teve um déficit na balança de pagamentos de US$ 2,49 bilhões. Se não fosse o agronegócio, esse déficit seria de US$ 43,3 bilhões, e a situação do país estaria insustentável. O agronegócio foi responsável por uma venda de US$ 49,1 bilhões, gerando um saldo positivo na sua conta de US$ 40,8 bilhões”, afirma. 

“Neste ano, no cenário econômico do país, só nos resta rezar e esperar por uma venda na casa dos US$ 100 bilhões no agronegócio para termos alguma chance de terminar o ano com alguns trocados positivos no caixa. O capitão de indústria, Antonio Ermirio de Morais, dizia que a força brasileira e que deveria puxar sempre o crescimento é o agronegócio. Ele afirmava termos as condições e os talentos, ou seja, fatores críticos de sucesso mais prontos. E que a indústria seguiria a reboque”, complementa.

Tejon explica que para entender essa situação precisamos nos “despir dos conceitos antigos, de associarmos esse novo agronegócio a simplesmente “commodities”. Hoje o balanço de pagamentos do país tem 50,4% conectados ao que classicamente chamamos de produtos básicos, a maior participação desde 1978. Mas a tecnologia envolvida nesse tal de produtos básicos mudou extraordinariamente e mesmo na mineração, aspectos de segurança, logística, automação, diferenciação de matérias-primas, acesso a mercados e inteligência de gestão mudaram espetacularmente”.

“O agronegócio, o responsável pelo único êxito no acerto das contas do país, até agora, revela um contexto de tecnologia, índices de produtividade ascendentes, educação, formação e espírito guerreiro do setor que combate com estruturas de logística, impostos riscos e custos, os quais não controlam, mas que tem superado e vencido”, continua.


Ele destaca que, se  por uma lado temos diminuição dos preços dos grãos, “por uma previsão de super safras de soja e milho, no mundo, falamos ainda de uma saca de 60 kg de soja em torno de R$ 55 a R$ 60, o que é sim o menor preço dos últimos quatro anos, porém, bem acima dos patamares clássicos históricos, o que permite aos agricultores, aqueles que realizam uma competente gestão, estarem ainda com lucro, mesmo com os preocupantes custos incontroláveis crescendo.  Por outro lado, no reino da proteína animal estamos vivendo um momento único na história da produção e das vendas”.

O especialista explica o que seria essa “nova consciência precisa vir forte e clara, não apenas nos papéis bem intencionados dos presidenciáveis, mas como um foco a ser bem tratado, pois, a partir dele, puxaremos o resto dos setores. As associações da agrodependência, formatados com preconceito e menosprezo, não ajudarão em nada ao próprio agronegócio, e principalmente a todos os demais setores da indústria, comércio e serviços brasileiros”. 

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