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Entrevista: Pulverização aérea contra mosquito Aedes aegypti nas cidades

Dr. Eduardo Araújo, consultor do Sindag


 

O Portal Agrolink entrevistou com exclusividade o Dr. Eduardo Araújo, que é piloto de aviação agrícola, engenheiro agrônomo, pesquisador e consultor do Sindag (Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola). Na pauta, a polêmica liberação do governo brasileiro para a pulverização aérea contra o mosquito Aedes aegypti nas cidades.

Agrolink - Qual é a importância da autorização de pulverização aérea contra o mosquito Aedes aegypti em áreas urbanas?

A importância está na possibilidade de, muito rapidamente, reduzir drasticamente a população de mosquitos adultos que, como se sabe são (as fêmeas) que efetivamente disseminam as doenças e, além disso, são as responsáveis pela postura de milhares de ovos ao longo de sua curta vida, dando origem às novas gerações. Quebrando-se o ciclo do mosquito, quebra-se a cadeia de transmissão de doenças.

Agrolink - Existe risco para a saúde humana?

Não há operação com risco zero. Porém, neste caso, os riscos - que ficariam por conta apenas de acidentes, eis que a operação em si é totalmente segura - podem e devem ser minimizados por um cuidadoso trabalho de planejamento de análise e gerenciamento de risco, procedimentos com os quais os operadores aeroagrícolas estão totalmente familiarizados.

Agrolink - Que cuidados precisam ser observados?

Os principais cuidados são: a) escolha do produto e definição de sua dose, em função da toxicidade e sensibilidade dos mosquitos, bem como da formulação adequada; b)escolha do equipamento de dispersão adequado e sua correta calibração, inclusive e principalmente em função da dose e diametro das gotas; c)"timing" das aplicações, em função da população de mosquitos adultos, pico das doenças e observância dos horários e condições atmosféricas adequados; d)monitoramento intensivo durante todas as fases da aplicação, envolvendo a população de mosquitos, incidência das doenças, dispersão adequada do produto; d) capacitação e treinamento de todo pessoal envolvido; uso de tecnologia embarcada como DGPS e fluxômetros e f) precauções típicas para o manuseio de produtos químicos, potencialmente tóxicos.

Agrolink - As pulverizações áreas são mais seguras e eficientes que os "fumacês" aplicados atualmente?

As aplicações aéreas não são necessariamente mais seguras mas certamente são mais eficientes que os "fumacês" em função da rapidez muito maior, melhor uniformidade e, principalmente, pelo fato de poder colocar o inseticida em pontos que são inatingíveis pelos equipamentos terrestres (fundos de pátios, terrenos baldios, áreas alagadiças, etc.

Agrolink - Como isso poderia repercutir positivamente na imagem do Brasil nessas Olimpíadas?

 A proposta não é a de efetuar, desde já, aplicações em massa, mas sim, antes, demonstrar a eficiência do método e efetuar eventuais ajustes de forma a obter o convencimento da comunidade  científica e da população. Portanto, não é um trabalho de curto prazo e dificilmente teria reflexos imediatos nas Olimpíadas, salvo pela imagem que o Brasil projetaria de que, finalmente está por adotar tecnologias mais eficazes para o controle do vetor da Dengue, Zika e Chicungunya.

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