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Fim do calote abre caminho para Argentina melhorar infraestrutura

Especialistas prevêem crédito facilitado para produtores


 

Depois de pagar uma dívida internacional de muito tempo, o caminho está livre para a Argentina levantar fundos e construir a infraestrutura necessária para embarcar e exportar ainda mais soja e milho. O país emitiu bônus na semana passada e depositou o pagamento de US$ 15 bilhões, que derrubou o status de “default seletivo”, depois de um acordo com o grupo de credores chamado de “holdouts”, ou “abutres”, com o apoio do juizado de Nova Iorque (EUA). 

Esse pagamento permitirá ao país tomar empréstimos internacionais com taxas mais baixas em agências internacionais, tais como o FMI (Fundo Monetário Internacional), o Bird (Banco Mundial), o BID (Banco Interamericano Desenvolvimento) e bancos privados internacionais. O dinheiro servirá para reestruturar dívidas do governo federal, governos provinciais, empresas ou investidores individuais. 

Para o mercado de grãos, a relevância disso é que os produtores argentinos poderão pagar por investimentos com uma taxa de juros mais baixa. Outro efeito imediato é a disponibilidade de verba para melhorar a infraestrutura do país.

Atualmente, a Argentina produz cerca de 100 milhões de toneladas de grãos. Mas se o país melhorar a infraestrutura nas províncias do Norte, e se continuar como previsto a cortar os impostos de exportação de soja – junto com um controle da inflação –, o volume total pode saltar a 160 milhões de toneladas até 2025. Para a próxima safra, a previsão da consultoria Agritrend de Buenos Aires é que a superfície crescerá em 6%. 

“A maior parte disso é efeito de cortar impostos de exportação, unificar o tipo de câmbio, e terminar com as travas para exportação de grãos. Mais eficiência virá com mais tempo com a melhor infraestrutura”, disse ao Portal Agriculture.com o diretor da Agritrend, Gustavo López. 

Pablo Fraga, um analista de mercado baseado em Rosario, afirma que a disponibilidade mais “fluída” de crédito para a economia em geral vai beneficiar a agricultura argentina, mas uma logística mais eficiente nas províncias do Norte levarão tempo para aumentar áreas de plantio. “Há projetos que levarão pelo menos uma década”, disse Fraga. 

Nesta semana, o governo confirmou a construção e melhoria de estradas, ferrovias, hidrovias, pontes, portos e aeroportos no Norte do país no Norte do país com o chamado Plano Belgrano. Essas melhorias facilitarão o comércio com países como Chile, Brasil, Paraguai e Bolívia, nesta ordem de prioritária. 

Guillermo Rossi, diretor de Informação e Estudos Econômicos da Bolsa de Comércio, afirma que mais investimentos externos virão às propriedades argentinas e alguns projetos de infraestrutura serão feitos de maneira rápida. “Melhorias de estradas e os acessos ao porto de Rosario são muito importantes”, acrescenta Rossi.

O economista sênior do HSBC para Argentina, Jorge Mongestern, explica que o impacto desse pagamento será muito significativo para operações com grande escala. “Isso vai implicar em um boom de investimentos em setores chaves da economia Argentina, como agricultura e pecuária, incluindo melhoras nos processos produtivo, pesquisa e desenvolvimento, biotecnologia e infraestrutura. Companhias com escala terão de volta o acesso ao crédito internacional com taxas competitivas, enquanto que os bancos locais terão facilidades de crédito para financiar pequenas e médias empresas”, diz Mongestern.

Para Javier Amuschategui, executivo da Tecnocampo, uma empresa que planta anualmente em mais de 200 mil hectares, esse acordo vai permitir ao seu grupo a considerar empréstimos internacionais para fazer mais investimentos, mas é cético a melhoras de curto prazo no Norte da Argentina.

“Nós poderemos fazer investimentos com um custo menor. Em relação ao Norte, eu não acredito que o pagamento da dívida resulte em um custo de frete mais baixo em um período breve. Com essa melhores condições para a agricultura e a economia, considerando os preços das commodities atuais, vamos sim aumentar a área de milho no ano que vem e investir em especilidades para exportar, como feijão”, declarou Amuschategui. 

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