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Atraso no plantio eleva custos e gera apreensão no setor

Operações serão concentradas nos últimos 15 dias


Operações serão concentradas nos últimos 15 dias do melhor período recomendado para a semeadura da safra de arroz no Rio Grande do Sul. Sensação é de quebra

Com a semeadura do arroz concluída em apenas 16% da superfície de 1,11 milhão de hectares prevista para a safra 2014/15, e faltando 25 dias para expirar a época recomendada para tal operação, os arrozeiros gaúchos voltaram esta semana ao preparo de solo e plantio de suas lavouras. Mais de 50% da área deveria estar plantada, com base no histórico da cultura. O atraso se deve às intensas chuvas que ocorrem no Rio Grande do Sul desde setembro. Com base no comportamento do clima, a formação da lavoura será retomada efetivamente a partir desta quinta-feira (23/10), pois foi preciso esperar o solo secar.

O presidente Henrique Osório Dornelles, da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), reconhece que os rizicultores gaúchos estão apreensivos com a situação. Na Depressão Central, há enchente no Rio Jacuí e seus afluentes. Existem lavouras de arroz pré-germinado cobertas pelas cheias. “Nos preocupam: o aumento dos custos de produção com, inclusive a perda de insumos, parte do preparo de solo e falhas provocadas pelas chuvas; o acúmulo de diferentes operações nas próximas semanas para plantar na época recomendada - até 15 de novembro; e o alongamento da entressafra em 30 dias, com a colheita ganhando força somente em março de 2015”, revela.

Segundo Dornelles, dependendo do planejamento de cada granja esse atraso poderá interferir até mesmo na semeadura dos 320 mil hectares da soja em várzeas na Metade Sul gaúcha, previstos para a safra. “Se chover forte na próxima semana levará a um cenário consolidado de perdas, representando uma área de 30% a 40% da lavoura gaúcha semeada fora de época. Torcemos para que não seja o caso”, observa. A entidade arrozeira considera que o avanço da semeadura será mais significativo na próxima semana se o tempo se mantiver firme.

“Estamos reaplicando herbicidas, os dessecantes deixaram a desejar pelo excesso de umidade e baixas temperaturas, algumas áreas precisarão ser replantadas. Em geral o perfilhamento das plantas vem sendo desuniforme. Tudo isso representa mais custos e riscos à produtividade”, explica Henrique Osório Dornelles. De acordo com o dirigente, há um volume de produtores que ainda precisa terminar o preparo do solo. Com o clima mais estável na próxima semana, a lavoura já estabelecida precisará de aplicação de herbicida, nitrogênio (uréia) e iniciará a irrigação. Entretanto, haverá ainda o acúmulo do plantio do restante da área. “Serão 10 a 15 dias muito intensos, com alto nível de estresse, o que exige muita de atenção”, alerta.

Henrique Osório Dornelles reconhece que há uma sensação de quebra na safra. “É, talvez, a mais baixa média de área plantada para a época em muitos anos”, frisa. “Mantido este cenário, o Rio Grande do Sul dificilmente alcançará a produtividade de 7,5 toneladas por hectare na temporada previsto pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)”, completa. Lembra que no Sudeste, a produção está comprometida pela seca. Os custos de produção devem aumentar ainda mais a partir de janeiro, com o reajuste de pelo menos 28% nas tarifas de energia elétrica da CEEE. O clima e os custos, além da competitividade dos Estados Unidos no mercado externo, também afetam o Mercosul. Uruguai e Argentina reduzirão área na safra 2014/15. O Paraguai terá restrições ao uso da água do Rio Tebicuary, seu maior manancial, para irrigar lavouras, para priorizar o abastecimento das cidades. É o maior exportador de arroz para o Brasil Central.

PREÇOS – No atual cenário comercial, com estoques ajustados no Brasil, preços estáveis em patamares ainda abaixo do que o setor produtivo esperava, uma quebra na safra gaúcha será prejudicial aos agricultores, entende o presidente da Federarroz. Para Dornelles, o temor é de que o atraso no plantio gere 10% de perdas na produtividade das lavouras. Neste caso, os preços teriam de aumentar em pelo menos 15% ou mais para compensar os altos custos de produção e a quebra. “Uma coisa é estar com a lavoura plantada com altos custos e produzir bastante arroz, outra, bem diferente e preocupante, é ainda não ter semeado toda a área, ter altos custos e projetar uma produção menor”. O dirigente acrescenta que na atual conjuntura, a boa notícia é de que o governo segue ofertando arroz dos estoques públicos sem que isso interfira nos preços de mercado. “É bom lembrar que o governo não terá muitas condições de interferir no mercado no ano que vem”, ratifica Dornelles. 

GATO POR LEBRE 
A Federarroz tem acompanhado e conferido situações nas quais lhe foram reportados casos de indústrias que operam fora do Rio Grande do Sul ofertando ao consumidor pacotes de arroz com problemas de classificação. Algumas marcas estão chegando a diferentes regiões brasileiras identificadas como arroz branco tipo 1, quando na verdade são dos tipos 2 e 3. “Estamos atentos a estes casos e estas empresas poderão ser surpreendidas pelo acompanhamento dos órgãos competentes”, finaliza o presidente Henrique Osório Dornelles.

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