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Cuba: Brasil vai disputar mercado de arroz com EUA

Pelo menos um setor brasileiro sai perdendo com possível fim do embargo



Ao contrário de muitas análises acerca da reaproximação entre Cuba e Estados Unidos, pelo menos um setor brasileiro sai perdendo com o possível fim do embargo. “Atualmente, o 4º maior importador de arroz brasileiro, Cuba passa a ter uma nova alternativa - o produto dos Estados Unidos: similar ao brasileiro em qualidade e com frete muito mais barato”, alerta o consultor Carlos Cogo. 


“O fato de o BNDES ter financiado o tão falado Porto de Mariel não garante mercados para produtos brasileiros. O fato de a obra ter sido tocada pela Odebrecht, com financiamento de US$ 1,52 bilhão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), não significa benefício automático para o Brasil. A operação portuária já está nas mãos PSA, companhia de Cingapura considerada a mais eficiente do mundo no setor. A Odebrecht não atuará na área. A versão de que essa obra traria benefícios é uma ilusão, segundo o ex-titular da Câmara de Comércio Exterior (Camex), Roberto Giannetti da Fonseca. Dos dez principais produtos exportados pelo Brasil a Cuba, apenas um não tem concorrência dos EUA - o café”, analisa o diretor da Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica.

Segundo ele, arroz, óleo de soja, farelo de soja, milho, carne de frango, embutidos e leite integral podem ser fornecidos “facilmente pelos norte-americanos, desde que os contratos sejam autorizados pelo Departamento do Tesouro dos EUA. De janeiro a novembro, esses itens formaram 61% das vendas do Brasil a Cuba”. 

“No caso específico do arroz, no acumulado deste ano, entre janeiro e novembro de 2014, Cuba foi o 4º maior importador do produto brasileiro – com compras de 115.329 toneladas (base casca), respondendo por 9,7% do total (1.189.922 toneladas). Houve muito mais concessão unilateral dos EUA, no anúncio feito, do que de Cuba. Certamente, isso implicará na preferência de Cuba por produtos norte-americanos, segundo a Associação Brasileira de Comércio Exterior (AEB)”, acrescenta. 


“O governo cubano é capaz de manter suas compras de produtos e serviços do Brasil por uma questão de afinidade histórica e de reconhecimento pelas inúmeras vezes que o País rompeu o embargo norte-americano para fazer negócios com a ilha. A mesma Odebrecht que ampliou o porto de Mariel com recursos do BNDES atua em um projeto de revitalização da produção de cana-de-açúcar em Cuba”, conclui Cogo.

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