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Pesquisadores do IB dão dicas para o manejo de doenças fúngicas nas oliveiras

O Instituto Biológico, desenvolve pesquisas relacionadas às pragas e doenças que acometem as plantas


Agricultores de 17 municípios paulistas experimentam o cultivo da oliveira com o objetivo de diversificar a produção e se inserir em um mercado crescente de venda de azeites de oliva e azeitonas no Brasil. O Instituto Biológico (IB-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, desenvolve pesquisas relacionadas às pragas e doenças que acometem as plantas. Apesar de serem trabalhos iniciais, os pesquisadores do IB orientam sobre algumas práticas de manejo que podem diminuir a ocorrência dos problemas fitossanitários.

Para ilustrar as doenças fúngicas que atacam as oliveiras, o IB produziu o documento técnico “Doenças Fúngicas com Potencial Limitante para o Desenvolvimento da Olivicultura no Estado de São Paulo”, de autoria dos pesquisadores Ricardo José Domingues, Jesus Töfoli, Josiane Takassaki Ferrai e Eduardo Monteito de Campos Nogueira. O documento completo pode ser acessado no link http://www.biologico.sp.gov.br/docs/dt/fungos_oliveira.pdf.

De acordo com os pesquisadores, as doenças fúngicas provocam sintomas como a desfolha, queda de vigor, morte de plantas, seca de ramos, lesões, apodrecimento e queda de frutos.  “Dentre os principais fatores que têm limitado o desenvolvimento da oliva em São Paulo, podemos destacar a ocorrência de problemas fitossanitários e, dentre eles, as doenças fúngicas estão entre as mais importantes”, afirma Domingues.

No documento técnico, os pesquisadores descrevem as causas e sintomas das principais doenças fúngicas, como a olho de pavão, cercosporiose, antracnose, escudete, brusca parasitária e verticiliose em suas duas versões: declínio rápido e lento. No documento, há fotos de cada uma das doenças.

“O uso de fungicidas é uma prática amplamente utilizada em outros países produtores, porém, no Brasil ainda não existem produtos registrados para a cultura da oliveira. Para dar suporte técnico a essa nova cadeia produtiva, são necessários estudos que viabilizem o registro e o uso sustentável de fungicidas para o manejo das principais doenças fúngicas da oliva no Brasil”, explica Domingues.

Enquanto não há registro dos fungicidas, os produtores podem amenizar a ocorrência das doenças com o uso de técnicas de manejo adequadas. Os pesquisadores do IB indicam que os agricultores escolham cultivares de oliveira com algum nível de resistência para o cultivo. Segundo Domingues, há no mercado cultivares com menor suscetibilidade a doenças como olho de pavão, cercisporiose, antracnose e verticiliose, por exemplo.

Outras dicas são o uso de mudas certificadas, plantio em terrenos arejados, drenados e ensolarados, realização de podas seletivas para favorecer a circulação de ar e penetração de luz no interior da copa, retirando ramos mal formados, secos e doentes.

Os pesquisadores também orientam para uma adubação equilibrada, realizando sempre análise de solo e, quando necessário, análise foliar, realização do manejo correto de plantas daninhas e utilização de ferramentas de podas e implementos desinfetados com produto a base de hipoclorito de sódio ou cálcio, álcool ou amônia quartenária após as operações, para evitar a transmissão de doenças. “O local da poda deve ser tratado com pasta à base de cobre para evitar penetração de patógenos. A poda deve eliminar as folhas, frutos doentes e restos de cultura, que devem ser incorporados ao solo fora do pomar. Também é necessário evitar ferimentos durante os tratos culturais”, afirma o pesquisador do IB.

Os pesquisadores recomendam ainda a utilização de quebra ventos, antecipação da colheita em áreas com incidência de doenças severa, realização de inspeções periódicas e restrição do acesso aos pomares por pessoas estranhas, veículos, máquinas e implementos de outras regiões.

Oliva SP

As pesquisas em oleicultura iniciaram-se em São Paulo devido à demanda de informações pelos novos produtores de oliveiras. A Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) criou, em 2011, o projeto Oliva SP, para pesquisar e fomentar o cultivo de oliveiras em condições paulistas. O projeto conta com 19 pesquisadores da APTA Regional, Instituto Agronômico (IAC), Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL) e IB. São parceiros do grupo a Empresa de Pesquisa de Minas Gerais (Epamig), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Clima Temperado), Associação dos Olivicultores dos Contrafortes da Mantiqueira (Assolive) e Agenzia Servizi Settore Agroalimentare delle Marche (Assam).

As pesquisas envolvem o zoneamento agroambiental da cultura, fertilidade do solo e nutrição das plantas, poda de oliveiras, identificação e recomendação de controle de pragas e doenças de raízes, folhas e frutos, implantações de olivais, colheita e pós-colheita, extração de azeites e qualidade final do produto.

“A APTA trabalha com diversos produtos e desenvolve tecnologias que podem ser usadas por pequenos, médios e grandes produtores rurais, uma recomendação do governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin. O projeto Oliva SP auxilia no desenvolvimento de toda a cadeia produtiva e é fundamental para a diversidade do agronegócio paulista”, afirma Arnaldo Jardim, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

No Brasil, são cultivados cerca de três mil hectares de oliveiras e o plantio está em constante expansão. Em São Paulo há produção de oliveiras nas serras da Mantiqueira, Bocaína, Japi, Mar, Botucatu, e no Sul do Estado. A maioria dos cultivos paulistas é jovem, com árvores com menos de cinco anos. A produção de azeite está mais estabilizada em lavouras mais antigas, como as da Serra da Mantiqueira.

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