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Ações de pesquisa e transferência de tecnologia estimulam uso do MIP em Mato Grosso

Monitoramento da lavoura permite o controle de pragas respeitando os níveis de danos


A redução dos custos de produção tem sido uma preocupação constante dos agricultores de Mato Grosso. Uma das alternativas encontradas é fazer o manejo integrado de pragas (MIP) nas lavouras. Para isso, o setor produtivo tem contado com uma ajuda constante da Embrapa Agrossilvipastoril.

Com apoio de uma rede de parceiros, pesquisadores da Embrapa estão conduzindo trabalhos em diferentes frentes que fornecem informações para subsidiar as ações no campo e que ajudam a transferir o conhecimento sobre as boas práticas para o controle de pragas nas lavouras.

Um exemplo é o acompanhamento do trabalho de manejo integrado de pragas realizado nas fazendas da Sementes Adriana, em Alto Garças (MT). Esta é a terceira safra em que a empresa conduz áreas fazendo controle de pragas de acordo com as recomendações da pesquisa agropecuária. Nos dois anos anteriores, o resultado mostrou que é possível manter a produtividade e a qualidade dos grãos mesmo com menor número de aplicações de inseticidas. Em uma das safras avaliadas, a economia por hectare com MIP chegou a ser de duas sacas de sementes.

A experiência da sementeira é acompanhada pelo pesquisador Rafael Pitta, que orienta os técnicos da fazenda e tira dúvidas quando necessário. Os resultados obtidos ajudam a mostrar a outros produtores que é possível adotar o MIP mesmo em grandes áreas.

Ações de transferência de tecnologia também são realizadas em parceria com a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja). Por meio de reuniões, palestras e visitas técnicas, o MIP é apresentado como alternativa para um controle mais econômico e eficiente de pragas, como a mosca branca, por exemplo, que tem preocupado os produtores devido aos elevados custos para seu controle.

Desde o início desta safra, visitas técnicas estão sendo realizadas para orientar produtores sobre as estratégias de monitoramento da lavoura, sobre os níveis de danos e sobre as melhores formas de controle, seja por vias biológicas ou químicas.

O consultor e produtor do município de Vera (MT), Cayron Giacomelli teve o primeiro contato com os benefícios do MIP por meio de uma palestra. Interessado na possibilidade de reduzir os custos de produção, buscou mais informações e há três anos vem adotando de maneira progressiva o MIP em sua propriedade com cerca de 2 mil hectares de soja e milho.

De acordo com ele, a economia na última safra chegou a 1,5 saca de soja por hectare nos talhões em que fez o manejo integrado. Na safra atual, está expandindo o MIP para toda a área de lavoura e, com menos de dois meses da semeadura, já economizou duas aplicações de inseticidas.

Cayron explica que a falta de mão-de-obra para fazer o monitoramento ainda é uma dificuldade, porém ele mesmo monitora os talhões uma vez por semana e, quando percebe necessidade, acaba retornando antes em determinada área.

Satisfeito com os resultados, tem sido um divulgador dos benefícios do MIP para outros produtores em reuniões do Sindicato Rural e da Aprosoja.

"Se funciona para mim, quero passar para o pessoal. É importante que fomente toda a região, que todos possam entrar neste manejo mais sustentável. Com o MIP você está gastando menos e poluindo menos, acredito que seja mais sustentável para nós e para nossa região", avalia.

Alerta sobre resistência

Em breve, também começarão a ser divulgados os resultados de uma pesquisa feita pela Embrapa Agrossilvipastoril sobre o nível de resistência de lagartas como Helicoverpa armigera, Chrysodeixis includens (falsa-medideira) e Spodoptera frugiperda a alguns inseticidas mais usados no estado.

O trabalho em fase final é financiado pela Aprosoja e pela Fapemat e servirá como um serviço de alerta sobre o risco de que as pragas adquiram resistência aos produtos em determinadas regiões e permitirá um planejamento de rotação de moléculas em âmbito regional em função dos resultados da pesquisa.

"A ideia deste estudo é mais estratégica. Serve para identificar quando em uma determinada região curva de resistência está aumentando muito. Se continuar assim, o produto vai perder a eficiência. Aí teremos de fazer um trabalho pontual sugerindo que se pare de utilizar determinada molécula naquela região até que os níveis de resistência reduzam, e a única forma de saber essa informação é a realização deste estudo safra após safra, explica o pesquisador Rafael Pitta.

Grupo de pesquisa

Para fomentar as pesquisas sobre MIP, entomologistas de diferentes instituições do estado criaram o grupo de pesquisa "Manejo integrado de pragas em sistemas produtivos de Mato Grosso". O objetivo é evitar a duplicidade de trabalhos e aumentar a cooperação por meio de projetos em rede.

Participam do grupo a Embrapa, Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT), Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt), Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e a empresa Assist Consultoria e Experimentação Agronômica.

De acordo com o pesquisador Rafael Pitta, o grupo não está fechado. Outras instituições que tenham interesse em participar serão bem vindas. 

Foto: Gabriel Faria

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