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Agronegócio beneficia transportes no Paraná

Estado tem alta de 1,5% no fluxo de cargas por rodovias pedagiadas em janeiro


O bom momento das exportações no agronegócio fez com que o Paraná tivesse o único resultado positivo no fluxo por rodovias pedagiadas em janeiro, com 0,2% sobre dezembro de 2015. Apesar da queda de 0,4% no tráfego de veículos leves no mesmo comparativo, houve alta de 1,5% no transporte pesado no Estado. Os números foram divulgados ontem pela Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), em conjunto com a Tendências Consultoria Integrada, e apresentam resultados dessazonalizados.
No mesmo período, a média geral do País foi negativa em 1,4%, com queda de 1,6% em veículos leves e de 1,4% em pesados. A explicação para a diferença é que o Brasil vive uma forte desaceleração econômica, com retração da produção industrial, do consumo e do mercado de trabalho, o que diminui o tráfego em viagens e para o transporte de cargas. No Paraná, grande exportador de commodities, há um movimento forte de embarques principalmente de grãos e carnes para o exterior, diante da alta cotação do dólar.
Tanto que, pela primeira vez na história, o Corredor de Exportação do Porto de Paranaguá ultrapassou 1 milhão de toneladas movimentadas em um mês de janeiro. Foram 1,34 milhão de toneladas de grãos, alta de 34% sobre o recorde anterior, de janeiro de 2015. Conforme a administração dos portos paranaenses, a expectativa é chegar a 5 milhões de toneladas de grãos de fevereiro a abril, 28% acima dos 3,9 milhões do mesmo período do ano passado.
É preciso ressaltar que o resultado positivo não se sustenta na comparação anual, mas se mantém acima da média nacional. Na comparação com janeiro de 2015, o fluxo de veículos no Paraná foi negativo em 5,4% para leves, em 0,5% para pesados e em 4,1% na média. No País, houve quedas de 3,9%, 9,9% e 5,2%, respectivamente.

AVALIAÇÃO
Economista da Tendências , Rafael Bacciotti afirma, em nota, que os números de rodovias pedagiadas no País são muito parecidos ao do recuo acumulado da produção industrial, que foi de 8,3% no ano passado. "Se avaliarmos os dados de fluxo de veículos pesados nas estradas, que historicamente refletem o que acontece na produção e transporte de bens no País, encontraremos a mesma linha de resultados, com uma queda de 9,9% na comparação ano contra ano", diz. Ele completa que o fluxo de veículos leves absorve a queda numa velocidade mais reduzida, mas ainda assim persistente, pelo ajuste em processo nos dados de renda e emprego.
Técnico e ex-presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no Paraná, Eugenio Stefanelo afirma que a indústria paranaense segue o mesmo fluxo da nacional, mas que o setor primário representa até 70% das exportações no Porto de Paranaguá. "O setor de agronegócios representa bem mais para a economia local do que no restante do País, já que o Estado é o segundo maior produtor de grãos e o primeiro em frango", cita ele, também professor de economia rural da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

FRETE
O valor do frete, por outro lado, não agrada aos caminhoneiros e às empresas de transportes. O presidente do Sindicato dos Transportes Rodoviários Autônomos de Bens de Londrina, Carlos Roberto Dellarosa, conta que o volume de transportes começou a melhorar, mas o preço ainda está em patamar intermediário. "O valor continua ruim. O que acontece é que os silos aproveitaram para vender grãos por causa do preço do dólar e para abrir espaço para a colheita que começa logo, então em janeiro e nessa primeira semana de fevereiro foi muito bom", diz.
Para Stefanelo, houve muitos investimentos em transportes entre 2012 e 2014, o que elevou a oferta e fez com que não fosse absorvida em um ano de crise. "Com o Programa de Sustentação de Investimentos do BNDES, com juros subsidiados, muita gente ampliou a frota de veículos transportadores e, com o volume menor por causa da indústria, não conseguiram melhorar os fretes, o que gera reclamações", explica.

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