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Bacia do Pipiripau recebe melhorias de programa do governo

Foco do programa é o estímulo à política de Pagamento por Serviços Ambientais


Desde dezembro de 2012, o Programa Produtor de Água está readequando as propriedades rurais da Bacia do Pipiripau, localizada na região nordeste do Distrito Federal, a 55 Km do centro de Brasília.

A vazão do rio Pipiripau vinha diminuindo e comprometendo a irrigação e o abastecimento dos 200 mil habitantes das cidades Sobradinho e Planaltina. Em todo o Brasil, são 38 projetos em execução, abrangendo área de 400 mil hectares, dos quais 40 mil já recuperados. São mais de 1,2 mil produtores recebendo por serviços ambientais e uma população impactada de mais de 40 milhões.

O foco do programa é o estímulo à política de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), voltada à proteção hídrica no Brasil. Assim, o governo federal apoia projetos que visem a redução da erosão e do assoreamento de mananciais no meio rural, melhorando a qualidade e a oferta de água.

A iniciativa presta apoio técnico e financeiro à montagem dos arranjos de pagamento por serviços ambientais e para a execução das ações de conservação de solo e água nos diversos projetos existentes.

“Nos últimos seis anos temos tido problemas com falta de água em Pipiripau e até racionamento”, disse o gerente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF), Geraldo Magela Gontijo.

“Aqui já teve até morte por disputa de água.” O gerente da Emater-DF trabalha na região há 28 anos e relata a tomada de consciência dos produtores. “Quando eu cheguei aqui tudo era irrigação por sulco. Se a gente tivesse continuado naquele modo de irrigação a água não daria para 10% dos produtores. Hoje 90% é gotejamento e 10 % aspersão. Essa irrigação que gastava um rio de água não existe mais”, explicou.

Vida nova

Há cerca de 15 anos, a produtora rural Fátima Cabral migrou da cidade para o campo buscando uma nova opção de vida, sem nenhuma aptidão ou experiência. O programa deu o apoio técnico que ela precisava.

Na sua chácara foram plantadas 8 mil mudas de árvores nativas do cerrado para recuperação de uma área de 8 hectares, onde fica uma nascente que anteriormente era pisoteada pelo gado. Na propriedade também foi feito terraciamento - técnica agrícola de conservação do solo, destinada ao controle de erosão hídrica, utilizada em terrenos muito inclinados.

“A chegada do programa abriu as portas para outros projetos de parceiros”, afirmou Fátima. “Recebemos um viveiro de mudas e agora estamos caminhando para nos tornar uma unidade demonstrativa agroecológica. Estamos migrando do plantio convencional para o cultivo agroecológico.”

O especialista em Recursos Hídricos da ANA, Rossini Ferreira explicou que uma das políticas é a readequação da propriedade. “O que tem de melhor prática para essa propriedade? O que seria uma vocação para ela? Qual a melhor forma de tratar essa terra”, indagou. “É uma grande teia: canalizar todas as forças para o mesmo objetivo, plantar, reflorestar, cuidar, preservar, produzir.”

Entusiasmada com os resultados, Fátima vai receber o segundo pagamento por serviço ambiental. “O dinheiro é bem-vindo sempre, mas esse pagamento para nós é simbólico, porque o benefício que a gente vê no projeto é difícil mensurar.” E contou os próximos passos: “pensamos em fazer o aproveitamento da área onde foi feito o plantio das mudas, enriquecer fazendo uma agrofloresta”.

No Pipiripau há 591 propriedades rurais. O programa já tem ações em mais de 100. Até mesmo os cerca de 150 produtores que não aderiram formalmente, mas manifestaram interesse, começam a receber benefícios.

O produtor rural Daniel José Pires relata o que tem observado em sua propriedade depois que começaram as ações do programa na região. “Aqui temos um declive e tinha uma erosão muito grande. Chovia e virava um riacho, descia toda a matéria orgânica”, recordou.

Foram construídos dois terraços - prática de combate à erosão com o propósito de disciplinar o volume de escoamento das águas das chuvas, permitindo a retenção de água no subsolo, evitar a erosão e o assoreamento do rio e segurar a matéria orgânica, minimizando as perdas de adubo.

A Agencia Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa) já reconhece resultados. “Se em 2011 foram 40 dias de racionamento e esse ano, com pouca chuva, foram só 2 dias, já percebemos um avanço”, ressaltou o regulador de Serviços Públicos e coordenador de Monitoramento de Projetos da Adasa, José Bento da Rocha.

Outra ação importante do Produtor de Água no Pipiripau será realizada este ano, a revitalização do canal Santos Dumont. “Com o revestimento do canal a perda de água que hoje é significativa vai ser praticamente nula”, acrescentou.

O Programa Produtor de Água no Pipiripau conta com apoio de parceiros como o Ministério do Meio Ambiente, Ministério da Integração, Governo do Distrito Federal, Ceasa-DF, Emater-DF, Fundação Banco do Brasil, Água Brasil, WWF, Rede Sementes do Cerrado, Sesi, The Nature Conservancy e Universidade de Brasília (UnB).

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