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Congresso de entomologia aborda combate à dengue com transgenia no Brasil

Congresso Brasileiro de Entomologia



O Congresso Brasileiro de Entomologia (CBE), que se realiza no Centro de Convenções de Goiânia (GO), trará  no dia 17, penúltimo dia do evento, dentro do tema ‘Entomologia integrada à sociedade para o desenvolvimento sustentável’, os minicursos: Identificação de artrópodes de importância médica e veterinária; e Manejo de pragas em áreas verdes: árvores, palmeiras e gramados.

No primeiro horário (8h30), acontecerá no auditório Lago Azul a palestra ‘Helicoverpa armigera – Lições da Austrália’, com o pesquisador Myron P. Kalucki, da Universidade de Queensland, Austrália. Essa praga foi identificada recentemente no Brasil, e tem surpreendido produtores e pesquisadores pelo seu poder de destruição, causando prejuízos, principalmente, às lavouras de milho, soja e algodão. O pesquisador australiano vem trazer as experiências de seu país com a Helicoverpa, já que aquele é o país de origem da lagarta. A Embrapa vem atuando no combate a ela, por meio do Manejo Integrado de Praga, MIP.

O MIP é uma tecnologia desenvolvida pela Embrapa, com diversos parceiros, que adota, de forma estudada e sistematizada, um conjunto de técnicas, métodos e conhecimentos já existentes, a serem associados ao ambiente, com o intuito de manter a população de insetos nocivos às lavouras em níveis abaixo daqueles capazes de causar dano econômico, tem se apresentado como excelente alternativa.

Uma das palestras da manhã dessa terça-feira (16), terceiro dia do evento, teve como tema o uso da transgenia no combate a pragas, dentre as quais, o Aedes aegypt, mosquito transmissor da dengue, e o Anopheles, que transmite a malária. A palestra foi do Dr. Neil Morrison, pesquisador da Universidade de Oxford, no Reino Unido, que mantém um instituto de pesquisa em biotecnologia, pioneiro no controle de insetos nocivos à saúde e à agricultura, com ações no Brasil, Cayman, Malásia, EUA, México Espanha e Índia, entre outros países.

O crescimento das zonas urbanas, que avançam em áreas nativas de todos os biomas brasileiros, e a resistência aos inseticidas, desenvolvida ao longo do tempo de uso,  promove um aumento do perigo representado pelos insetos. Com o objetivo de atuar nesse cenário, com cuidados na saúde humana, o instituto de Oxford desenvolveu, no final da década passada, um mosquito transgênico, batizado de “OX513A”, que controla o Aedes aegypti, transmissor não apenas do vírus da dengue, mas, também, da febre amarela e da chikungunya, doença originária da África, mas que já atingiu Europa e América de forma preocupante. A ação se dá pela soltura dos machos adultos transgênicos, após todas as etapas realizadas em laboratórios e estufas, em campo, para que eles encontrem instintivamente as fêmeas selvagens. Feito o acasalamento, os filhotes desses cruzamentos morrem antes da idade adulta. O OX513A ajuda a reduzir a população das fêmeas, e, consequentemente, a transmissão da doença, pois só elas picam.

No Brasil os testes realizados nas cidades de Juazeiro do Norte, Ceará, e Jacobina, Bahia, tiveram como resultado a diminuição de 96% dos mosquitos. Segundo o Dr. Neil Morrison, esse trabalho já pode ser aplicado em municípios de até 50 ml habitantes. “Claro que não confiamos hoje, ainda, que nossa tecnologia esteja  cem por cento pronta para extinção da Dengue, mas acreditamos muito nos resultados futuros dessa pesquisa, para atingirmos resultados muito mais satisfatórios, pensando em escalas tecnicamente econômicas e eficazes para ser aplicada em megacidades, como Rio de Janeiro e São Paulo”, afirmou o pesquisador.

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