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Enxertia possibilita cultivo de tomate na Amazônia

Especialista apontou alternativas para cultivo na região


As dificuldades em produzir tomate na Amazônia podem ser superadas com o uso de tecnologias. Essa foi a mensagem principal que o agrônomo José Mendonça, da Embrapa Hortaliças (Brasília/DF), deixou aos produtores e extensionistas do curso sobre enxertia de tomate, realizado nesta quarta-feira (01.10), em Belém, no Pará.

Segundo Mendonça, a combinação de temperatura e umidade do ar elevadas na região Norte cria um ambiente fecundo para doenças do solo, como a murcha-bacteriana. E a enxertia é uma forma de contornar esse problema. "Com a enxertia, juntamos a raiz de um tomateiro resistente, mas com baixa produtividade, e a parte aérea de uma variedade produtiva. É uma técnica limpa e sem impacto ambiental, pois dispensa o uso de agrotóxico para controlar as doenças do solo", explicou.

Como porta-enxerto foi apresentada a variedade Hawaii, uma referência na resistência contra a murcha-bacteriana, mas suscetível a doenças causadas por nematóides. Outras possibilidades de porta-enxertos estão sendo estudados com plantas nativas da Amazônia. Na Embrapa Hortaliças, Mendonça informou que há pesquisas para viabilizar a jurubeba vermelha como porta-enxerto do tomateiro. Ela é resistente tanto a murcha-bacteriana quanto aos nematóides, mas possui espinhos que dificultam o manejo.

Outra possibilidade de porta-enxerto para o tomateiro é cubiu (Solanum sessiliflorum), também uma planta nativa da Amazônia e resistente às doenças do solo. O uso dessa espécie combinada ao tomateiro vem sendo pesquisado pelo professor Sérgio Gusmão, da Universidade Federal Rural da Amazônia. Segundo ele, o cubiu apresenta boas possibilidades como porta-enxerto, mas a dificuldade é a irregularidade na germinação, pois para a enxertia dar certo tem de haver diâmetros similares entre as mudas.

As técnicas apresentadas no curso despertaram o interesse do agricultor Abinael Miranda, de Marituba, região metropolitana de Belém. Produtor orgânico de couve, quiabo, macaxeira, cará, maxixe e outras plantas, ele sempre deixou o tomate fora de suas pretensões de cultivo dado o problema com as doenças. "Vou experimentar plantar com enxerto na jurubeba, pois do jeito normal se perde muito com as doenças", contou Abinael.

O curso de enxertia de tomate é parte do projeto Hortaliças, iniciativa que tem como objetivo disponibilizar tecnologias para o desenvolvimento da olericultura na região metropolitana de Belém e nos municípios de Altamira e Tomé-Açu.

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