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Especial China: Reservas de milho serão vendidas em breve

Estoques atuais do país são de 150 milhões de toneladas



“Ninguém sabe quando, mas o governo deve vender 50 milhões de toneladas a qualquer momento. Certamente, é o que mais prejudica o produtor chinês, e não infraestrutura ou escala”. A análise é de Cherry Zhang, diretora do setor de milho e energia na Shanghai J.C. Intelligence.


Essa é a segunda matéria que o Portal Agrolink publica de uma série especial com informações – exclusivas no Brasil – sobre a China. O jornalista Luís Henrique Vieira, autor do Blog AgroSouth News e correspondente do Portal Agriculture, esteve no gigante asiático recentemente e faz revelações importantes para a agricultura nos próximos meses.

“Os estoques chineses de grãos, as intenções de compras e estimativas de produção são sempre alvo de preocupação dos mercados. No entanto, quando alguém vai a China, é relativamente fácil encontrar as razões e os dados que alguns podem estar ansiosos para saber no Brasil, nos Estados Unidos ou na Argentina”, conta ele.

“Talvez por conta da censura chinesa e diferenças culturais comparando a democracias ocidentais, quando o país decide publicar seus números e não explica as razões de suas medidas, o jogo de adivinhação começa a ser jogado”, completa o jornalista.

Luis conta que, “em geral, muita gente não se sente confortável ao falar sobre alimentos na China e pede para não ser identificado. Alimentar 1,3 bilhão de pessoas é uma das maiores preocupações do governo central chinês e manter a segurança alimentar é uma grande prioridade. Mas no comunismo e em outros regimes fechado, tudo sempre depende com quem você fala”.

A Shanghai J.C. Intelligence, uma consultoria que atende 60 companhias internacionais e 1.500 empresas chinesas, revelou que os estoques atuais de milho do país são de 150 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais estão em 171 milhões de toneladas. Além disso, a consultoria projeta uma produção do cereal de 216 milhões de toneladas, com rendimentos impressionantes de 6.200 quilos por hectare – quase o dobro da produtividade brasileira.


"Nossa safra está relativamente bem com a produtividade e está melhor que o ano passado. O fenômeno El Niño trouxe boas chuvas e só ocorreram algumas perdas no Noroeste do país," disse Cherry Zhang.

A produtividade média vem subindo desde 2011 e a produção de milho deve continuar a crescer, enquanto que a produção de soja de 11 milhões de toneladas deve cair - já caiu dos 12 milhões de toneladas registrados em 2014. Uma das razões é que o país não consegue aumentar a produtividade da oleaginosa, que é três vezes menor que a de milho.

O milho tem um mercado totalmente controlado pelo governo da China, com a administração direta das tradings e o subsídio dos produtores locais, enquanto a soja tem um mercado livre sem quotas de importação. No caso do milho, o governo impõe uma cota diferente todos os anos. Em 2011, foram 7,2 milhões de toneladas. Em 2014, foram sete milhões de toneladas. Após a cota ser atingida, é imposta uma sobretaxa sobre o cereal importado. Além disso, ainda nunca se sabe quando o governo deve vender parte das suas reservas.

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