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Governo reduz subvenção a algodão e milho; promete verba complementar

Total liberado para o milho caiu de R$ 500 mi para R$ 300 mi



O governo federal liberou 250 milhões de reais para a realização de leilões públicos de subvenção aos preços de algodão em pluma da safra 2013/14, após prometer publicamente 300 milhões, e reduziu em 40 por cento os recursos disponíveis para sustentar o mercado de milho este ano.

O total liberado para o milho caiu de 500 milhões de reais para 300 milhões de reais, segundo portaria interministerial publicada nesta quarta-feira no Diário Oficial da União.

O governo, no entanto, prometeu aos produtores que os recursos serão complementados, após ser questionado sobre as medidas.

"Tão logo os recursos sejam aplicados no suporte aos preços do grão, serão destinados mais volumes", disse o Ministério da Agricultura em nota à Reuters, referindo-se ao apoio ao milho.

O apoio aos setores de algodão e milho será feito por meio do Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro), em que o governo, em momentos de baixa das cotações, paga ao produtor a diferença entre o valor de comercialização do produto e o preço mínimo oficial.

"O que o ministro (da Agricultura, Neri Geller) nos informou é que isso é uma ação emergencial para dar fluxo aos Pepros de algodão. O Pepro do milho será reabastecido (de recursos) no futuro... É uma questão operacional... É uma questão de fluxo de caixa dentro do governo", afirmou o presidente de uma associação dos produtores de Mato Grosso (Aprosoja), Ricardo Tomczyk.

Segundo ele, os recursos são vitais para o Mato Grosso, e a redução do montante publicado no Diário Oficial chegou a preocupar.

"É óbvio que dá um pouco de receio, e nossa primeira preocupação era de que iriam redirecionar o dinheiro do milho para o algodão."

No início do mês, o Ministério da Agricultura havia anunciado destinação de 300 milhões de reais para leilões de Pepro de algodão, valor superior aos 250 milhões agora oficializados. [nL1N0R5336]

"O ministério recuou e trouxe o valor de 250 milhões com a promessa de que, se necessário, vai complementar. Estamos bastante tranquilos e confiantes na palavra do ministro", disse à Reuters o presidente da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), Gilson Pinesso.

Segundo o executivo, o pedido inicial --que havia recebido uma sinalização positiva do ministério-- era de Pepro no valor de 450 milhões de reais, suficientes para apoiar a comercialização de 1 milhão de toneladas de pluma da safra 2013/14 que ainda não foram comercializados.

"O mercado está parado, esperando esses Pepros. O produtor está segurando para poder comercializar. A indústria também está comprando 'da mão para a boca'. Com esse Pepro o mercado deve deslanchar", disse Pinesso.

Ele estima que o primeiro edital com detalhes dos leilões seja publicado até a próxima segunda-feira.

MILHO

A portaria publicada nesta quarta-feira pelos ministérios da Agricultura, da Fazenda e do Planejamento reduziu para 300 milhões de reais os valores destinados ao Pepro de milho da safra 2013/14, ante 500 milhões definidos em portaria publicada no dia 6 de agosto. 

Os leilões de Pepro vinham sendo reivindicados pelo setor produtivo para ajudar a escoar o grão, principalmente em regiões remotas de Mato Grosso, onde os custos de transporte rumo a portos e indústrias pode superar o preço pago pelo produto.

"Se reduzir o Pepro, certamente vai ter impacto no mercado... As exportações de milho estão indo bem. Não sei até que ponto o Pepro empurra, mas certamente você só viabiliza exportação de Mato Grosso se tiver Pepro", disse o presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Mendes.

O primeiro leilão de Pepro de milho deste ano foi realizado pelo governo em 20 de agosto. 

Desde então, o Ministério da Agricultura já ofertou prêmios de subvenção para 6,35 milhões de toneladas do cereal, incluindo o leilão previsto para a quinta-feira.

A safra brasileira de milho em 2013/14 atingiu 79,9 milhões de toneladas, bem perto do recorde de 81,5 milhões de 2012/13. A ampla oferta contribui fortemente para derrubar as cotações do grão no mercado brasileiro, que operam no menor patamar em quatro anos.

Edição de Roberto Samora

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