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MT/Soja: Custo atinge recorde

Previsão é de que novo ciclo atinja nível histórico de custo em MT


Ciclo atual, que foi o mais caro da história local, será superado. Se a nova safra começasse hoje, estaria inviabilizada

Se a safra 2014/15 de soja começasse hoje em Mato Grosso, certamente a área plantada seria ínfima e quem se arriscasse estaria plantado dentro de um cenário de inviabilidade financeira. Isso ocorreria porque os preços ofertados neste momento para o grão no mercado futuro, não se mostram remuneradores dentro de uma realidade de alta sobre os custos de produção. A previsão é a de que o novo período atinja nível histórico de custo, bem próximo dos R$ 3 mil por hectare plantado.

Na safra 2010/11, por exemplo, o custo total de produção fechou em pouco mais de R$ 1,48 mil. Em cinco safras o desembolso praticamente dobrou, a alta é de mais de 96%.

Até o momento, as ofertas abaixo de US$ 12 por bushel – padrão de medida norte-americano que equivale a pouco mais de 27 quilos – ou pouco acima deste valor, não pagam o custeio e tampouco permitem lucro. É consenso no segmento que soja abaixo de US$ 12 por bushel, inviabiliza a produção. O mercado futuro é uma negociação de praxe do segmento na qual se vende o que nem se plantou para fazer frente à aquisição dos insumos e entregar a produção geralmente entre março e maio do ano seguinte, e é justamente o maio/15 que tem oscilado num patamar que não paga a conta da sojicultura mato-grossense.

As estimavas de área e produção da nova safra não estão prontas e dentro deste cenário ficam até difíceis de serem mensuradas, mas como as compras dos insumos já começaram, o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) lançou a projeção de custo do novo ciclo que deve atingir – níveis atuais - mais de R$ 2,91 mil por hectare plantado. O valor é recorde em todos os ângulos analisados. Supera em 24% o custo da atual safra, 2013/14, que já era o maior da história local ao somar R$ 2,34 mil por hectare e impôs uma alta anual de 23% sobre o ciclo anterior.

A próxima safra vai ainda perpetuar a quebra de referência observada neste ano. “Atingimos pela primeira vez a casa dos mil reais apenas com insumos (R$ 1.192,56 ante R$ 768,38, R$ 811,56, R$ 968,34, das três últimas safras)”, exclama o gestor do Imea, Daniel Latorraca. E a ruptura será ainda maior, para a nova safra – que começa a ser plantada depois de 15 de setembro – a projeção é de que o item insumos (sementes, defensivos e fertilizantes) demande R$ 1,60 mil por hectare, cifras 34% acima do recorde anterior.

Essa alta foi promovida pelas sementes e pelos defensivos, que aumentaram no ano passado e para 2014 já exibem projeções de majoração de 61,4% e 69,7%, respectivamente. “Com a explosão dos ataques de lagartas, seja na soja como no milho e no algodão, o produtor tem demandado muito por defensivos, especialmente para o controle de lagartas e da ferrugem asiática”. De acordo com a série histórica do Imea, o desembolso por hectare com o grupo defensivos (fungicidas, herbicidas e inseticidas) passou de R$ 343,51 na safra 2012/13 para R$ 419,53 em 2013/14 e deve chegar a R$ 711,78 em 2014/15. “Houve e haverá uma preocupação com o controle de pragas e isso acabou e acabará elevando os custos pela alta demanda e volumes das compras”.

CAUTELA - Como explica Latorraca, os preços para esta safra tiveram alta, embalados por Chicago – onde os preços das commodities agrícolas são formados – e pela alta do dólar sobre o real em pleno pico de colheita. Mas falando hoje no que está desenhado para a próxima safra há um cenário de maior pressão. “Para o ano que vem, são estimadas 96 milhões de toneladas de soja para os Estados Unidos e 97 milhões para o Brasil, segundo o Departamento de Agricultura daquele país, o que deve aumentar a oferta e por isso o futuro maio/15 se mostra oscilando abaixo ou pouco acima de US$ 12 por bushel, valor que não remunera o produtor e se mostra como uma consequência de uma oferta maior e demanda pouco menor, como o mercado projeta hoje”.

Se o momento é de comprar insumos, mas sem saber ao certo o que virá do mercado – até porque com o início do plantio da nova safra nos Estados Unidos os olhos se voltam para o que vai ocorrer por lá, no chamado mercado de clima, momento em que a partir de agora qualquer notícia boa ou ruim que venha da América do Norte vai mexer com o mercado, mesmo que pontualmente – Latorraca reforça: “É preciso cautela, o cenário hoje é de inviabilidade, já que a próxima safra será a mais cara de todas e os preços não sustentam a necessidade de desembolso”.

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