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Plantio de milho ultrapassa 36% da área

Clima favorável tem garantido o cultivo


 
Embora tenha uma longa janela, que deve se estender até dezembro em determinadas regiões, o plantio de milho se intensificou em setembro no Rio Grande do Sul. Mais de 36% da área dedicada ao grão foi semeada até o final da semana passada e, aproveitando a umidade em níveis adequados, as lavouras recentemente implantadas têm apresentado boa emergência, de acordo com a Emater e produtores. O destaque fica por conta das Missões, Noroeste e Fronteira Noroeste, regiões onde tradicionalmente o trabalho inicia antes e que já completaram cerca de 70% do total. 

A área plantada deve apresentar retração de 5,7%, mas a tendência é de aumento da produtividade devido ao clima favorável, com previsão de El Niño. A expectativa é de que 876 mil hectares sejam cultivados nesta safra no Estado, com produtividade de 5,6 mil toneladas por hectare. Ainda de acordo com a Emater, o avanço do plantio observado neste mês tem objetivo de antecipar o período de maior necessidade de água para a cultura, a floração e a formação dos grãos, e, com isso, evitar perdas em possíveis veranicos e estiagens, comuns em dezembro e janeiro. A safra, dessa maneira, deve fechar em 4,8 milhões de toneladas, recuo de 11,6%.

"O milho tem uma janela grande que o deixa vulnerável às mudanças climáticas. Mas, até agora, tivemos uma boa germinação", explica o engenheiro agrônomo da Emater, Alencar Paulo Rugeri. A única preocupação de Rugeri é com o ganho de espaço pela soja devido ao aumento da rentabilidade do grão nos últimos anos, processo responsável por desequilibrar a proporção de 1/3 de área, saudável à rotação de culturas. "Hoje, temos uma proporção de 20% entre os grãos quando deveríamos ter 33%. Essa situação pode proporcionar o aparecimento de doenças e diminuir a eficiência na aplicação de insumos", alerta.

O produtor Cleonir Bolzan, da cidade de Doutor Maurício Cardoso, no Noroeste gaúcho, finalizou o plantio em agosto e, inclusive, realizou a segunda aplicação de ureia. Satisfeito com o desenvolvimento da lavoura de 47 hectares até o momento, Bolzan lamenta apenas a desvalorização do grão enquanto os custos de produção, principalmente de adubos e insumos, aumentaram. "As previsões são de uma base de R$ 20,00 a R$ 22,00 por saca de 60 quilos. O ideal seria se variássemos entre R$ 25,00 e R$ 27,00", destaca. A última análise da Emater, divulgada no fim da semana passada, indicava valor corrente de R$ 22,12, abaixo dos R$ 24,26 registrados nas mesmas datas de setembro do ano passado e da média histórica para o período, entre os anos de 2009 a 2013, de R$ 25,03. O custo total, por outro lado, segundo estudo da Federação das Cooperativas Agropecuárias (FecoAgro), subiu para R$ 2.183,63 por hectare em 2014/15 ante R$ 2.154,91 da safra 2013/14. 

No cenário internacional, os Estados Unidos acenam com a possibilidade de colher 370 milhões de toneladas, recorde que levou o preço do bushel a menos de US$ 4,00 em Chicago. A queda, entretanto, não preocupa a Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul). Para o coordenador da comissão de grãos da entidade, Jorge Rodrigues, a demanda interna do Estado, com defasagem estimada em até 1,5 milhão de toneladas, tem capacidade para garantir certa estabilidade nos valores pagos ao produtor. "O milho é um produto típico do mercado gaúcho. Temos, inclusive, deficiência na produção e não podemos deixar de analisar o crescimento dessa demanda, o que deve manter uma regularidade de preços no mercado interno", projeta.

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