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Produção mato-grossense de soja fechou o ciclo com recorde de produção

Ganho está ligado ao aumento da área plantada


Rendimento por hectare, por mais uma safra, não acompanha a evolução na área plantada e nem na produção e fecha em 51,9

Pelo sétimo ano consecutivo, a produção mato-grossense de soja fechou o ciclo com recorde de produção. Apesar dos resultados históricos, o ganho da sojicultura estadual está estritamente ligado ao avanço da área plantada, que consequentemente garantiu saldos maiores a cada colheita. Os recordes não são fruto da evolução da produtividade, que teima em não superar pouco mais de 3 mil quilos por hectares, ou algo em torno de 51 a 52 sacas. Como dizem os produtores, quando tudo vai bem, o saldo se mantém. Superar esse patamar, e garantir novos recordes por meio da produtividade, é um sonho, e, cada vez mais difícil de ser concretizado no Estado.

Conforme a série histórica da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), da safra 2008/09 a 2014/15 – período em que Mato Grosso superou anualmente o recorde do ciclo anterior – a produção avançou 55%, de 17,96 milhões de toneladas (t) para 27,85 milhões, a área plantada cresceu 51%, ao passar de 5,82 milhões de hectares (ha) para 8,80 milhões e a produtividade variou 2,66%, de 3,08 mil quilos/ha para 3,16 mil quilos. Mato Grosso é o maior produtor de soja do país.

Já na série histórica do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), nas últimas cinco safras, considerando o rendimento em sacas, o recorde foi de 53 sacas/ha na safra 2010/11. Nesse intervalo, a produtividade cresceu 3,87%, enquanto a área plantada e a produção expandiram em 43,87% e 48,16%, respectivamente.

Em sua quinta estimativa de safra para o ciclo 2014/15, o Imea consolida a produtividade em 51,9 sacas/ha. Há quase um ano, quando divulgou a primeira projeção da temporada, os técnicos do Instituto apostam em um clima mais generoso durante o desenvolvimento das lavouras, bem como na colheita. Naquela ocasião foram projetadas 52,5 sacas/ha. Há poucos dias, o Imea reajustou o rendimento para 51,9 sacas/ha. A safra está encerrada no Estado. “A produtividade estadual nesta temporada agora é estimada em 51,9 sc/ha, apresentando redução de 0,5 sc/ha em relação ao que estava sendo previsto anteriormente. Os volumes de chuvas desiguais durante a fase de enchimento dos grãos foi o grande responsável pela redução da produtividade na nova estimativa”, justificam os analistas.

Ainda como explicam os analistas, o principal fator da queda no rendimento das lavouras foi o baixo volume de chuvas durante a fase de enchimento dos grãos, diferentemente do que ocorreu no ano passado, quando as chuvas acabaram prejudicando mais durante a colheita, além das doenças e pragas, que foram mais frequentes. “Apesar da produtividade inferior à esperada, a safra 2014/15 apresentou aproveitamento superior à média dos últimos oito anos, e, nesse período, está abaixo apenas ao da safra 2010/11”.

EXCEÇÕES - Apesar da redução da produtividade na média do Estado, nem todas as regiões apresentaram redução em relação ao levantamento anterior. As regiões norte e oeste, onde os volumes de chuvas na época de enchimento dos grãos foram mais uniformes, apresentaram elevação na nova expectativa. A região a apresentar a menor produtividade foi a nordeste, com média de 49,63 sc/ha. Já a maior média é registrada na região oeste, com 52,88 sc/ha.

A área total do Estado não apresentou alteração em relação ao levantamento anterior. Assim, a área de 8,94 mil hectares, registra elevação de 506 mil hectares ou 6% em relação a área semeada com a soja na safra 2013/14. Devido à redução na expectativa de produtividade, a produção também foi impactada, reduzindo-se em 267 mil toneladas em relação ao que estava sendo previsto anteriormente, com o novo volume da safra 2014/15 sendo estimada neste momento em 27,87 milhões t. Ainda assim, com as estimativas atuais, a produção mato-grossense da oleaginosa na temporada 2014/15 apresenta acréscimo de 1,58 milhão t em relação à safra anterior.

CAUSAS - Em tempos de custo elevado e com trajetória ascendente, somente o rendimento maior para amenizar as despesas e assegurar a renda da atividade. A alta demanda do solo, o modelo da agricultura empresarial, erros passados e até mesmo a falta de conhecimento sobre cada hectare plantando, junto à imprevisibilidade do clima, estão estagnando a oferta nacional. “É preciso parar para repensar a atividade antes que seja tarde, porque quanto mais hectares são cultivados e incorporados, mais difícil será ampliar a produtividade, que há quase 20 anos não varia e quando altera, é sempre para baixo. Todos os recordes de produção da soja brasileira estão atrelados à expansão da área e não pelo crescimento da produtividade”, aponta o diretor técnico da Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja/MT), Nery Ribas. Ele acaba de ser eleito presidente do Comitê Estratégico Soja Brasil (CESB). Como reforça, “a tecnologia embutida nas sementes não tem feito diferença no saldo, apenas no custo da produção”.

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