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Queda no preço da soja leva produtores do PR a diversificar

Milho e pecuária ganham espaço


Cotação do grão na Bolsa de Chicago caiu para US$ 9 por bushel e não deve se recuperar tão cedo

A queda nos preços da soja passou de um problema da agricultura para um entrave ao crescimento econômico do Brasil. Afeta diretamente o valor bruto da produção agrícola e tudo que depende da renda dos produtores. Uma reacomodação começa a ser traçada no Paraná, a partir da constatação de que as cotações não devem voltar tão cedo aos patamares recordes.

Depois da seca que derrubou a produção norte-americana, duas safras atrás, a soja passou de US$ 14 para US$ 9 por bushel na Bolsa de Chicago. No Brasil, os produtores recebiam mais de R$ 70 por saca, mas podem ter de se contentar com menos de R$ 50 na colheita de 2015. As lavouras estão sendo plantadas e esse mercado gera mais preocupação que o próprio clima quente e seco deste mês.

O Paraná não tem como fugir da influência da queda no preço da soja, afirma o presidente da Coamo, José Aroldo Gallassini. Segundo ele, o complemento na renda do produtor pode vir do inverno. Para estimular a pecuária bovina, que apresenta recordes de R$ 125 por arroba de boi em plena crise das commodities, a Coamo vai financiar piquetes e a compra de animais de engorda. Os produtores deverão manter os animais confinados no verão, enquanto produzem grãos, e transformar parte das lavouras em pastagem no inverno.

Para o presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, não se trata de uma queda de preços, mas de uma volta à normalidade. Ele considera que o agronegócio terá de se acomodar à nova condição, em que uma saca de soja não valerá mais três sacas de milho. Em sua avaliação, a saca de milho deve voltar a representar 40% de uma saca de soja, reduzindo a pressão que afugenta o cereal.

Isso não significa que a soja perderá área ou deixará de seguir em seu ciclo de expansão de 40 anos, pontua. Mas sim que regiões com vocação para a produção de milho no inverno vão se dedicar exclusivamente à oleaginosa no verão. Para que o cereal não perca área na segunda safra, a Coopavel está lançando campanha em que aponta queda de 21% nos custos do cereal e garante preço de R$ 22,50 por saca (R$ 4,50 a mais que o atual). O plantio começa em janeiro e deve aumentar, aposta Grolli.


Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

Sistema de bônus

A meta de ampliar a renda do produtor exige que todas as alternativas sejam levadas em consideração, orienta a cooperativa Agrária, com sede em Guarapuava, que industrializa praticamente tudo que seus associados colhem. O sistema de bônus que estimula o cultivo de trigo – para honrar contratos com a indústria de biscoito – pode passar a ser usado também para o milho, considerado essencial no sistema de rotação de culturas que eleva a produção de soja.

Expedição Safra inicia hoje roteiro pelo Paraguai

A Expedição Safra Gazeta do Povo – que ouviu produtores, técnicos e lideranças do cooperativismo do Norte ao Oeste do Paraná na última semana – abre hoje um novo roteiro que abrange três departamentos do Paraguai: Itapúa, Alto Paraná e Canindeyú. Técnicos e jornalistas visitam o país vizinho durante toda a semana para aferir o plantio de cerca de 3 milhões de hectares de soja, área que se aproxima cada vez mais dos 5 milhões de hectares plantados no Paraná. A tarefa passa de 80% e, segundo alguns produtores, está praticamente encerrada.

O projeto está em seu 9º ano e vai percorrer 15 estados brasileiros do plantio à colh eita. O Brasil deve atingir 94,55 milhões de toneladas, o segundo maior volume do planeta, e sustentar exportações recordes de 48 milhões de toneladas. A colheita de mais de 106 milhões de toneladas dos EUA será acompanhada no final deste mês. A colheita da Argentina, Uruguai e Paraguai receberá o projeto a partir de fevereiro de 2015. A expedição percorrerá também o leste da Europa para produzir reportagens sobre produção e demanda de Rússia, Polônia e Ucrânia.

Agricultor complementa renda com leite

Os produtores estão sendo diretamente influenciados pela queda nas cotações das commodities globais. Com 20 hectares de soja em Francisco Beltrão (Região Sudoeste), o agricultor Leonir Dalazém parte para a produção de leite. Ele relata que já vinha se preparando para a diversificação. Com 20 vacas adultas (12 em lactação), reteve 10 novilhas na propriedade, que dentro de um ano devem dar cria e passar para a ordenha.

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