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Colheita de soja dispara em MT, mas segue atrasada; bloqueios de estradas podem atrapalhar

Produtores colheram cerca de 35 por cento da área de soja


SÃO PAULO (Reuters) - A colheita de soja em Mato Grosso avançou aceleradamente nesta semana, superando metade do total plantado no Estado, o maior produtor de grãos do Brasil, mas continua atrasada em relação ao mesmo período do ano passado, por problemas climáticos, principalmente.


Enquanto isso, bloqueios em rodovias, se mantidos, poderão agravar a situação do atraso a partir da próxima semana, informou um instituto de pesquisas mato-grossense nesta sexta-feira, reportando já alguns problemas de falta de diesel nos últimos dias.

Uma pesquisa junto a produtores do Estado indica que 60 por cento dos associados que responderam a uma sondagem feita pelas entidades têm diesel para abastecer as colheitadeiras somente até a próxima segunda-feira.

Apontou ainda que cerca de 20 por cento já não tinham, na quinta-feira, o combustível em função do desabastecimento ocasionado pelos bloqueios de caminhoneiros, cujo movimento é forte no Estado e persistia nesta sexta-feira.

"Provavelmente respondeu a pesquisa quem está com mais problemas, as questões foram enviadas a todos os associados (das associações de produtores de soja e algodão), e só uma parcela respondeu", afirmou o superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Otávio Celidonio, em entrevista à Reuters.

A pesquisa atingiu mais de 5 mil produtores ligados à Aprosoja e Ampa (algodão), e pouco mais de 10 por cento responderam a sondagem.

"A conclusão é que, se a entrega do diesel não for restabelecida, teremos uma situação complicada para a colheita (na próxima semana). É um período de chuvas e pode haver prejuízos em termos de qualidade (na soja), dependendo do tempo que a falta de diesel vai durar", afirmou


Ele disse que, embora atualmente os produtores plantem variedades mais resistentes, se a soja ficar madura no campo por muito tempo, em um período chuvoso, a qualidade do grão cai e mesmo o produto pode ser estragado.

A colheita já vinha atrasada por problemas de seca na época de plantio e chuvas intensas na semana passada. Até quinta-feira, a colheita atingiu 53,6 por cento da área no Estado, que deverá colher um recorde de mais de 27 milhões de toneladas, ou cerca de 30 por cento do projetado para o Brasil. No mesmo período do ano passado, a colheita estava em 58,5 por cento.

"Ainda não afetou (a colheita por falta de diesel), muito pouco do atraso pode ser atribuído ao protesto dos caminhoneiros, mas a partir da semana que vem a situação pode piorar", disse Celidonio, do Imea.

A Reuters reportou no início da semana que alguns produtores na região norte do Estado estavam sem diesel para realizar a colheita.

AVANÇO NA COLHEITA

Na última semana, apesar das chuvas, o sol apareceu em Mato Grosso, secando as lavouras e permitindo a realização da colheita sem grandes problemas, com um avanço importante.

Até a semana passada, produtores tinham colhido cerca de 35 por cento da área de soja, o que indica um avanço de quase 20 pontos percentuais na última semana, ou aproximadamente 1,6 milhão de hectares, de um recorde de 8,8 milhões de hectares da área plantada.

Se os protestos dos caminhoneiros não forem resolvidos e o atraso na colheita se agravar, a soja pode demorar a chegar aos portos de exportação, tendo repercussões no mercado internacional.

Nesta semana, os contratos futuros negociados na bolsa de Chicago registraram altas em algumas sessões, devido a preocupações com os protestos, uma vez que o Brasil é um dos líderes globais nas exportações, juntamente com os Estados Unidos.

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