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Oferta da laranja deve cair em 2015 e vendas do suco se mantêm estáveis

Preços ainda estão a R$ 1,45 a caixa de 60 quilos


Com endividamento em torno de R$ 1,2 bilhão, a citricultura deve ter queda na produção desta safra, uma vez que os reflexos da estiagem podem se estender até o período de 2015/2016. Os preços ainda estão a R$ 1,45 a caixa de 60 quilos, abaixo do mínimo, mas as exportações do suco seguem estáveis e com possível recuperação na União Europeia.

Em reunião promovida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), ficou estabelecido o aumento de cinco mil caixas no limite que cada produtor pode ofertar nos leilões de Prêmio de Equalizador Pago ao Produtor (Pepro) da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) - o próximo acontece no dia 30 deste mês.

Para representantes do setor, a ocorrência dos leilões ainda não gerou impactos diretos ao mercado, mas é certo que contribuiu para amenizar a baixa rentabilidade dos produtores nesta temporada.

Produção

Na avaliação do presidente da Associação Brasileira de Citricultores (Associtrus), Flávio Viegas, o Pepro trouxe um pequeno alívio para o setor, que além da queda nos preços sofre com a estiagem, pragas e endividamento.

"Ainda não temos números para quantificar, mas os pés da fruta foram prejudicados e a produção até da próxima safra [2015/2016] será significativamente afetada. A oferta vai diminuir", diz Viegas.

A analista do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Fernanda Geraldini Palmieri, explica que problema atual da produção não é só a estiagem do início do ano, mas sim a persistência da seca durante a maioria dos meses que se seguiram.

Além da ocorrência de murcha nas frutas que estão sendo colhidas atualmente, há temores de que a falta de chuvas prejudique todas as floradas que abriram nos pomares em meados de setembro.

"Em algumas regiões os pomares não floriram. É cedo para estimar, mas já sabemos que este processo de floração foi perdido. Deve haver mais um que vai depender do clima e poderá definir se haverá quebra de safra", completa o presidente da Câmara Setorial da Citricultura, Marco Antônio dos Santos.

Neste cenário, o analista do Rabobank, Andres Padilha, afirma que a previsão é de 300 milhões de caixas para a safra 2014/2015, plausível de alterações em função de problemas com o clima. Para a instituição financeira, parece provável esperar uma nova redução de área plantada em São Paulo no período de 2015/2016.

Auxílio

Santos destaca que o governo federal disponibilizou R$ 50 milhões para subvenção do setor neste ano, através dos leilões, contra o aporte de R$ 150 milhões em 2011.

"Com este valor é possível subvencionar mais de cinco milhões de caixas de laranja, o que ainda é pouco. Ajuda, mas não resolve o problema. Em novembro vamos nos reunir e deve haver um novo leilão", afirma o representante.

Outra medida de auxílio seria a negociação de preços entre a indústria e o setor produtivo através do Conselho dos Produtores de Laranja e da Indústria de Suco de Laranja (Consecitrus). Na terça-feira (21) houve a segunda reunião do grupo que, para Viegas, não trouxe soluções.

Mercado

Dados do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) mostram que, entre janeiro e setembro deste ano, as exportações do suco de laranja alcançaram 1,314 milhão toneladas, recuo de 7,27% ante o total embarcado em igual período do ano passado, de 1,417 milhão toneladas.

Entretanto, o diretor executivo da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), Ibiapaba Netto, esclarece que comumente a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) atrasa o registro de embarque dos navios, fato que torna as mensurações defasadas. "Suco não é como soja que tem navios saindo frequentemente. No ano-safra a exportação manteve sua média e muito provavelmente vai manter de novo no período de 2014/2015", enfatiza.

No primeiro trimestre desta safra foram embarcados 248 mil toneladas, ante 248,2 mil toneladas exportadas no mesmo período de 2013. Netto destaca que houve um recuo de 20% nas vendas para a Europa, compensado por um aumento de 68,8% nos embarques para a América do Norte, com foco nos Estados Unidos.

Recuperação

O analista do Rabobank ressalta que, no acumulado do ano até setembro, houve queda de 24,5% nas exportações para a União Europeia, porém, é possível que estas vendas se recuperem em 2015, apesar de ser cedo para previsões concretas.

Para os Estados Unidos, a Secex aponta exportações de 215.841 toneladas em 2013 e, para Padilha, este nível deve ser mantido em 2014.

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