CI

Preços de aves e suínos devem aumentar

Os custos de produção das aves e suínos em Minas Gerais voltaram a subir em junho e a tendência é de novos aumentos nos próximos meses.


Os custos de produção das aves e suínos em Minas Gerais voltaram a subir em junho e a tendência é de novos aumentos nos próximos meses. Segundo dados divulgados pela Central de Inteligência de Aves e Suínos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Cias/Embrapa), na comparação com junho de 2015 a evolução foi de 41,14% nos custos do quilo de aves e de 41,31% no suíno. No mesmo período, o preço pago pelo quilo do animal vivo, em Minas Gerais, subiu 22,2% no caso do suíno e 20,41% no frango, alta que não acompanhou a evolução dos custos.
 
Em nota divulgada pela Embrapa Aves e Suínos, o analista da área socioeconômica da entidade, Ari Jarbas Sandi, justifica que a alta nos custos de produção de ambos os setores do agronegócio brasileiro é reflexo dos contínuos aumentos nos preços dos insumos para as rações, principalmente o milho e a soja.
 
Em Minas Gerais, o preço da tonelada de milho subiu de R$ 422, em junho de 2015, para R$ 880 em igual mês deste ano, variação positiva de 108%. A oferta restrita, o aumento das exportações e as condições climáticas desfavoráveis são fatores que justificam a valorização. No farelo de soja, a alta ficou em 45,45%, com a tonelada saindo de R$ 1,1 mil, em junho de 2015, para R$ 1,6 mil. No caso das aves, os custos com a alimentação representam 72,12% do valor total e, no setor de suínos, 81,83%.
 
De janeiro a junho, o custo com a produção de um quilo de frango vivo saiu de R$ 2,69 para R$ 2,95, elevação de 9,66%. Em junho do ano passado, para produzir um quilo de frango eram investidos R$ 2,09, o que gera uma diferença de 41,14% nos dias atuais. Alta também foi verificada em relação a maio, 5,35%.
 
Somente com a alimentação, foram gastos R$ 2,17 por quilo de animal ao longo de junho, valor superior aos R$ 2,02 registrados em maio. No período, a pressão de alta veio do milho e do farelo de trigo, que tiveram os preços novamente reajustados.
 
Enquanto os custos subiram 41,14% na comparação com junho do ano passado, a evolução nos preços ficou bem menor, 20,41%, com o quilo do frango vivo subindo de R$ 2,40 para R$ 2,89. Apesar do reajuste o setor trabalha com preços 3,4% abaixo do custo, o que vem desestimulando a atividade.
 
O cenário de custos elevados também foi verificado na produção de suínos. O relatório da Embrapa mostra que a produção de um quilo de suíno vivo custou, em junho, R$ 4,07, valor 41,31% maior que o investido em igual mês do ano passado, que era de R$ 2,88.
 
De janeiro a junho, a alta acumulada é 22,9% e na comparação com maio de 4,62%.
 
Os custos elevados e a margem de lucro estreita têm provocado queda na produção mineira e, com isso, os preços reagiram em junho, frente a maio, com o quilo do suíno vivo negociado a R$ 4,40, ante R$ 3,50, alta de 25,71%. Em junho do ano anterior, o quilo do animal na granja estava cotado a R$ 3,60. Desde fevereiro os produtores de suínos estavam recebendo valores iguais ou abaixo dos custos.
 
Ajustes
 
“Com a alta dos custos e os preços de venda abaixo do necessário para gerar lucro, os produtores de frango e suínos, nos últimos meses, tiveram o poder de compra prejudicado e, quando isso acontece, ocorre também o ajuste da produção. Para os próximos meses, novos ajustes não estão descartados”, explicou o zootecnista e analista da Scot Consultoria, empresa especializada na análise do agronegócio, Rafael Ribeiro de Lima Filho.
 
A tendência de uma produção menor nos setores que têm o milho e a soja como principais insumos se deve à perspectiva de preços valorizados nos próximos meses.
 
“No caso do milho, os preços seguem firmes e subiram na última semana de R$ 44 para R$ 46, por saca. A sustentação veio da resistência do lado do vendedor, em entregar a produção a preços menores, e do comprador, que está resistindo em pagar mais em período de colheita. As notícias de redução e revisão para baixo da safra e os estoques finais menores deram sustentação, com mercado futuro para setembro e outubro negociando o milho acima de R$ 48 por saca”.
 
A expectativa também é de valorização do farelo de soja. “As temperaturas elevadas nos Estados Unidos podem prejudicar a safra de soja e este receio vem provocando altas na cotação do grão. Com isso, a soja e o farelo, no mercado nacional, ainda têm espaço para valorizar entre agosto e setembro. A demanda mundial é grande e o cenário é de preços firmes no período de entressafra, com o farelo cotado acima de 1,5 mil por tonelada”, explicou Ribeiro.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.