CI

Produtos chegam com atraso à Ceagesp de Sorocaba e preços aumentam


Os comércios de peixe e frutas em Sorocaba foram os mais prejudicados com o bloqueio das estradas feito pelos caminhoneiros em sete estados do País. Os produtos não faltaram nas feiras livres, peixarias e supermercados da cidade, mas houve atraso na entrega e até um aumento nos preços devido aos gastos adicionais com o frete.

Esses produtos costumam percorrer longas distâncias até o desembarque em Sorocaba. As tilápias consumidas na cidade são oriundas do Paraná e Santa Catarina e ficaram pelo caminho. O mesmo problema ocorreu com o mamão e a banana, que saem da Bahia com destino às mesas dos sorocabanos.
Os caminhoneiros iniciaram os bloqueios na semana retrasada. A medida foi tomada devido à redução no preço dos fretes e ao aumento dos custos do transporte.

Na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) em Sorocaba, alguns distribuidores de alimentos tiveram prejuízo com o bloqueio das rodovias. O gerente da unidade, Marco Antonio Juscelino de Oliveira, ressaltou que o reflexo dessa atitude dos caminhoneiros foi sentida na última quarta-feira. "Já começou a normalizar", comenta.

Segundo Oliveira, a entrega da carga de mamão só ocorreu na quarta-feira porque o motorista desviou o caminho. Ele saiu da Bahia e seguiu pelo Rio de Janeiro para fugir do bloqueio. "Senão não teria mamão aqui", diz. Com a diminuição da oferta do produto, o preço da caixa teve um acréscimo de 50%.

Quem sentiu o gosto amargo do bloqueio nas rodovias foi o comerciante César Zamuner, 34, proprietário de um box na Ceagesp de Sorocaba. Ele comprou uma carga de 14 toneladas de mamão na Bahia, avaliada em R$ 13 mil, mas perdeu todo o investimento devido a demora no transporte. "Chegou muito maduro e doamos para o Banco de Alimentos de Sorocaba", diz.

O mamão saiu em 20 de fevereiro de Itabela, sul da Bahia. No dia seguinte, o caminhão parou no bloqueio em Igarapé, em Minas Gerais, e permaneceu imóvel durante quatro dias.

Caso permaneça essa tipo de manifestação nas rodovias, Zamuner estuda fazer um seguro da carga para evitar uma maior perda. "Esse bloqueio é válido para tentar melhorar o preço do pedágio, pois eu também tenho caminhão, mas prejudica muito as entregas", relata.

O comerciante Antônio Reinaldo Maria, 50, quase passou pelo mesmo problema. A carga adquirida com 700 caixas de banana prata e 500 embalagens de mamão formosa ficou presa na última terça-feira, na estrada, e liberada no dia seguinte. Ele teve sorte, pois nada foi perdido. "Precisa fazer a greve, pois os caminhoneiros estão ganhando muito pouco, mas dá dó perder mercadoria na estrada."

Em frente ao Ceagesp de Sorocaba funciona um distribuidor de frutas, para o atacado e o varejo, e lá houve uma mudança de preço nesta semana. O valor da caixa da banana prata subiu de R$ 20 para R$ 35 devido à paralisação nas rodovias.

O gerente do local, Augusto Luís Santana, 26, precisou mandar um caminhão e um funcionário ao produtor para abastecer o comércio. "O consumidor tem reclamado do preço, mas não temos o que fazer."

As tilápias também estão mais escassas na cidade. O gerente comercial de uma peixaria situada à margem do rio Sorocaba, Elias Benedito da Silva, 42, aguarda há uma semana a chegada de uma carga de duas toneladas. Devido à série de bloqueios, o caminhão ainda não saiu de Santa Catarina. "Assim fica difícil atender os nossos clientes tanto no varejo quanto no atacado", conta. Para ele, o preço do peixe não deverá sofrer aumento.

O mesmo problema foi encarado pela feirante Verônica Bovino, 30, proprietária de uma barraca de peixes. A tilápia, prevista para chegar na sexta-feira da semana retrasada do Paraná, apareceu somente na última segunda-feira. Foi preciso pedir para o transportador deixar o produto direto em Sorocaba e não descarregá-lo em São Paulo para agilizar a venda.

Nas contas de Verônica, esse acréscimo de 30% no valor do frete não foi repassado ao consumidor. "Mas, se continuar esse bloqueio, não terá jeito."

A Associação Paulista de Supermercados (Apas) informou não ter registrado nenhum problema de desabastecimento relacionado aos três mil filiados em todo o Estado. Mesmo os hortifrútis, que são mais perecíveis, não faltaram nas prateleiras de Sorocaba. O feirante Sandro da Silva, 37, dono de uma banca de frutas, ressaltou que o movimento dos caminhoneiros não refletiu no aumento do preço ao consumidor. "O valor depende muito mais da sazonalidade do produto", conta.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.