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Urgência de envio de dados ao CAR é debatida em lançamento de publicação da WCS Brasil sobre Pantanal

Hoje grandes investidores estão entrando no Pantanal e a soja está entrando


Às vésperas do fim do prazo de envio de dados ao Cadastro Ambiental Rural (CAR), a urgência da adesão de proprietários rurais foi tema de evento nesta sexta-feira em Campo Grande (MS) promovido pela ong de conservação ambiental WCS Brasil, Comissão do Meio Ambiente (Comam) da Ordem dos Advogados do Brasil (Seccional MS) e Frente Ambientalista Parlamentar. No evento, em que foi lançada a segunda edição da revista Ciência Pantanal, organizada pela WCS Brasil, o secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico de Mato Grosso do Sul, Jaime Elias Verruck, disse que uma eventual prorrogação do prazo para que os proprietários enviem os dados de suas fazendas seria prejudicial. Segundo ele, se isso acontecer, ele pode desmobilizar parte da equipe da secretaria que está atuando para incentivar a inscrição.
 
“Nossa equipe percorreu todas as cidades do estado. Hoje não falta informação para que o produtor faça o cadastro. Temos 25 mil propriedades cadastradas”, disse o secretário. “Uma prorrogação é quase que jogar o CAR fora. Eu mesmo desmobilizaria a minha equipe”, completou.
 
O prazo final para os proprietários aderirem ao CAR se encerra em 5 de maio e, recentemente, a Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse que ele não deve ser prorrogado. Segundo ela, 85% das áreas passíveis de cadastro já estão inseridas na base de dados.
 
No evento, que teve também palestras e debates sobre o CAR e o Código Florestal, autoridades destacaram a importância do Cadastro e da articulação do setor privado para a preservação ambiental no Brasil. “O CAR será uma grande ferramenta para saber onde estão as áreas preservadas e áreas produtivas, para lutar contra o desmatamento, para planejar e fiscalizar”, afirmou Luciano Loubet, promotor do Ministério Público de Mato Grosso do Sul.    
 
Segundo o promotor Luciano Loubet, no Mato Grosso do Sul, empresas como a JBS, de processamento de carne, já informaram a produtores que não comprarão gado de quem não tiver feito o CAR.
 
Ricardo Éboli, diretor de licenciamento do Instituto do Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (IMASUL), órgão do governo do estado, lembrou de como os que não se inscreverem no CAR serão prejudicados. “O mercado será quem vai restringir os diretos do proprietário rural. Ele vai perder pela venda, pela dificuldade do acesso ao crédito agrícola, e de obtenção de licenciamentos ambientais” disse Éboli.
 
De acordo com Éboli, o preenchimento do CAR no Mato Grosso do Sul ficou abaixo do desejado devido a uma cultura tradicional de medo que existe entre o produtor e os órgãos ambientais. "Acreditamos que a não adesão ao CAR ocorre mais por receio do produtor de que o que ele informar possa prejudicá-lo”, disse o diretor do IMASUL.
  
Também foi discutido no evento foi a aplicação do Código Florestal no Pantanal, já a legislação tem regras específicas para a região.  Coordenadora do Programa Pantanal da WCS Brasil, a pesquisadora Alexine Keuroghlian destacou a importância da atuação em conjunto de diferentes atores para a conservação no Pantanal. “Temos que trabalhar juntos, políticos, proprietários e pesquisadores, para preservar esse bioma tão maravilhoso”, disse Alexine.
 
O diretor executivo do Instituto SOS Pantanal, Felipe Augusto Dias, disse estar preocupado com o avanço da soja no Pantanal. “O Pantanal é a nova fronteira agrícola para a soja. Hoje grandes investidores estão entrando no Pantanal e a soja está entrando. A soja é silenciosa”, disse Dias.
 

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