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Agronegócio do Paraná sofre com greve dos caminhoneiros

Produtores de leite, frangos, suínos e hortifrutis são os mais prejudicados


Quatro das principais cadeias do agronegócio paranaense estão sofrendo perdas significativas desde o início da greve dos caminhoneiros, na semana passada. Produtores de leite, frangos, suínos e hortifrutis começaram a contabilizar os prejuízos em diversas regiões do Paraná, principalmente no Noroeste e Sudoeste do Estado, regiões que concentram avicultura e pecuária leiteira.

São muitos os casos de aves descartadas, leite estragado e derramado em protesto pelas ruas de cidades e agroindústrias paradas, sem receber a produção, muitas vezes bloqueadas nos pedágios pela greve. Entre as cidades em que as perdas foram mais significativas, destacam-se Dois Vizinhos, Pitanga, Medianeira e Jataizinho. Em Londrina, a Confepar deve descartar 140 mil litros de leite. A área de processamento da cooperativa está parada, mas o volume perdido não foi confirmado até o fechamento dessa edição.

De acordo com a Federação das Agricultores do Estado do Paraná (Faep), ainda é difícil calcular o prejuízo por todo território paranaense. Segundo a entidade, diariamente são produzidos e processados 12 milhões de litros de leite por cerca de 115 mil produtores e 300 laticínios. Estima-se que são abatidos 5 milhões de frangos por dia e mais de 750 mil cabeças de suínos semanalmente em 55 frigoríficos.

Em entrevista à Folha, o presidente da Faep, Ágide Meneguette, explica que falar em prejuízos "é complicado", mas que existe um desabastecimento geral de rações para os animais e dificuldade de transporte de produtos perecíveis. "A nossa maior preocupação agora é o transporte da safra, já que precisamos colher todo o volume produzido e enviar para os destinos determinados", ressalta.

Meneguette relembra que esta semana esteve em Brasília em reunião com a Frente Parlamentar de Agricultura para "interceder junto ao Governo" pelos caminhoneiros. "Acredito que o governo federal ter prorrogado os financiamentos e congelar os preços do diesel foram pontos positivos. Reconhecemos a greve, achamos justa, fizemos o necessário, mas a população e os produtores não podem ser mais penalizados", decreta.

No que diz respeito a negociação da tabela de fretes, Meneguette acredita que "ela vai se ajustar naturalmente, pela lei da oferta e procura". "Em algumas regiões do Mato Grosso tenho conhecimento que o frete já subiu com o início do transporte da soja", relatou.

Em Londrina, o presidente do Sindicato Rural Patronal, Narciso Pissinatti, comenta que os produtores de aves e leite da região estavam sofrendo no início da semana, mas a situação melhorou. Ele relata que conversou com os manifestantes. "Eles disseram que se os produtores aderissem à manifestação, liberariam os caminhões com rações. Colocamos tratores em alguns pedágios para mostrar que estávamos junto a eles e, assim, foram liberando os veículos ao longo da semana".

Com o início do recebimento de grãos em algumas cooperativas da região, Pissinati relata que a entrada de alguns estabelecimento estavam bloqueados, mas depois do "acerto" com os caminhoneiros tudo está fluindo tranquilamente nas cidades de Rolândia, Arapongas e Cambé. "A colheita ainda está devagar na região, mas os caminhoneiros estão liberando os caminhões carregados com soja", finaliza.

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