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Algodão do Brasil terá diferencial de rastreabilidade a partir de 2016/17, diz associação

Sistema de rastreamento de fardos será lançado em outubro


Produtores de algodão do Brasil estão apresentando nesta semana aos seus maiores clientes internacionais as bases laboratoriais de um sistema de rastreabilidade que será lançado nos próximos meses e que deverá garantir ao importador da pluma segurança sobre a qualidade de origem do produto, um diferencial competitivo, segundo a associação dos cotonicultores brasileiros.

Uma delegação de importadores de China, Bangladesh, Coreia do Sul, Taiwan, Indonésia, Vietnã e Tailândia iniciou nesta segunda-feira, pelo Mato Grosso, uma viagem pelas principais áreas produtoras do país para conhecer fazendas, usinas de beneficiamento e laboratórios de classificação de algodão.

O sistema de rastreamento de fardos será lançado em outubro, durante congresso do setor na Inglaterra, e funcionará plenamente a partir da safra 2016/17, quando os produtores brasileiros esperam ter uma produção maior e também uma oferta mais adequada da pluma, após uma quebra da colheita em 2015/16, devido ao clima irregular.

Em condições climáticas normais, o Brasil, terceiro exportador de algodão do mundo, atrás de Estados Unidos e Índia, vende no exterior cerca de 1 milhão de toneladas da pluma por ano.

"Com o sistema, os importadores vão poder acompanhar (as cargas) onde estiverem e ter certeza que o fardo saiu daqui, isso vai facilitar muitas negociações. O importador vai ter condições de aferir a qualidade, e estaremos um passo à frente da maioria dos mercados", disse à Reuters o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), João Carlos Jacobsen, falando de Sapezal (MT).

Segundo o dirigente da Abrapa, 12 dos maiores compradores de algodão do mundo estão acompanhando a visita, que passará também por localidades de Goiás e Bahia, além de Brasília, onde está sendo concluído o laboratório de referência do setor.

Cerca de 50 milhões de reais foram investidos no laboratório de Brasília e em mais de uma dezena de unidades espalhadas pelo país, recursos que vieram de produtores nacionais e do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA), instituição criada para receber recursos do governo dos EUA, como parte de solução do contencioso contra subsídios norte-americanos vencido pelo Brasil na Organização Internacional do Comércio (OMC).

Segundo Jacobsen, os participantes da viagem pelos polos produtores brasileiros compram anualmente cerca de 750 mil toneladas das cerca de 1 milhão de toneladas da exportação do Brasil.

O executivo disse ainda que uma das maiores preocupações dos importadores tem relação com o índice de fibras curtas do algodão, ainda que o Brasil em sua maioria venda um produto dentro dos padrões exigidos --se a pluma tiver um alto percentual de fibras curtas há prejuízos na fiação.

"Os importadores querem estabilidade no fornecimento e estabilidade na qualidade, principalmente porque temos um concorrente sintético... O novo sistema vai facilitar muito a tomada de decisão e a escolha de quais lotes ele vai comprar", completou Jacobsen, ressaltando que o setor trabalha no desenvolvimento de um esquema de rastreabilidade há cerca de dez anos.

O presidente da Abrapa preferiu não falar sobre eventuais novos negócios já fechados com as delegações estrangeiras, durante a missão.

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