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Bom preço da laranja não anima produtores

Fruta tem a melhor cotação do mercado nos últimos anos, mas avanço de doença nos laranjais preocupa


Fruta tem a melhor cotação do mercado nos últimos anos, mas avanço de doença nos laranjais preocupa

Nova América da Colina - Os produtores de laranja do Norte Pioneiro vivem um momento inusitado: o preço para o produto no mercado é um dos melhores dos últimos anos, mas, em contrapartida, ninguém pensa em expandir a área de plantio da cultura. O preço da caixa de laranja com 23 quilos está sendo comercializado atualmente entre R$ 15 e R$ 18, o que é mais que o dobro do valor no começo do ano passado.


Segundo o engenheiro agrônomo Ciro Daniel Marcolini, responsável técnico pela Cooperativa Nova Citrus, de Nova América da Colina, o desânimo dos produtores com a cultura deve-se à expansão dos casos de greening nos pomares da região. A doença foi detectada em 2010 e ainda não tem como ser combatida. A única forma de controle é a erradicação dos pés de laranja afetados.

Marcolini atribui o aumento de preço ao período de entressafra de laranja na região e também à quebra de produção no Estado de São Paulo, que responde por 85% da produção nacional.

A redução da oferta é sentida na Nova Citrus, que precisa buscar laranjas em pomares do estado vizinho, numa viagem de até 600 quilômetros de distância, para suprir o abastecimento em seus tradicionais mercados no Norte do Paraná e Região Metropolitana de Curitiba. A cooperativa recebe cerca de 400 mil caixas de laranja por ano produzida em vários municípios da região.

O produtor David Nunes de Araújo tem um pomar com 1,2 mil pés de laranja em fase de formação. No ano passado, ele colheu 5 mil caixas de laranja e este ano espera colher um pouco mais. Ele não esconde a satisfação com o preço da fruta, mas confessa que pensou em acabar com a cultura no ano passado. Araújo afirma sentir muita tristeza cada vez que precisa arrancar um pé de laranja por causa da doença. Até agora teve de erradicar cerca de 20 pés de laranja de sua plantação, por isso, não pensa em ampliar a área plantada.

Outro que se sente desestimulado é o produtor José Francisco de Melo. Ele conta que vendeu laranjas por preços muito baixos nos últimos 5 ou 6 anos, além de ter enfrentado problemas climáticos na última safra, como seca e geada.

Melo tem dois pomares com 4,5 mil pés de laranja e afirma que continua com na atividade porque "o produtor sempre tem a esperança de que a próxima safra será melhor". Nos últimos meses, ele precisou arrancar quase 50 pés de laranja atingidos pelo greening. "Nós estamos pensando seriamente em erradicar (os pomares) porque a laranja está se tornando inviável para a gente", justifica ele revelando que nem mesmo o preço da laranja a R$ 15 a caixa tem mudado seu pensamento.


INFESTAÇÃO TOLERÁVEL
A Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), vinculada à Secretaria da Agricultura, não vê motivo para tanto pessimismo. O engenheiro agrônomo José Croce Filho, coordenador da área de citros, afirma que o Estado tem 26 mil hectares de laranja nas regiões produtoras, que são o Noroeste, Norte e Norte Pioneiro, e já foi constatada a presença da doença em todos os pomares.

Segundo ele, o índice de infestação no Paraná varia entre 4 a 8%, o que pode ser considerado "tolerável". A situação se torna preocupante e foge do controle quando este índice passa de 15%, como já aconteceu em outros estados produtores, cita.

Além da erradicação provocada pela doença, os pomares de laranja precisam ser renovados normalmente após 15 anos de vida porque se tornam economicamente inviáveis. O engenheiro agrônomo Ciro Marcolini teme que o desinteresse dos produtores no plantio de novos pomares ou na ampliação da área leve à falta da fruta nos mercados da região nos próximos anos. Muitos deles, segundo o profissional da Nova Citrus, estão optando por outras culturas.

Eli Araujo

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