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Brasil pode ser centro de biocombustíveis para aviação

Até 2050, as companhias terão de reduzir pela metade as emissões de C02


Parcerias e pesquisas envolvendo grandes empresas da indústria aeronáutica, como a americana Boeing e a brasileira Embraer, apontam para um futuro em que o Brasil pode se tornar a principal referência mundial para o desenvolvimento de biocombustíveis para a aviação. Na visão do consultor em Emissões e Tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Alfred Szwarc, o País possui plenas condições de assumir essa posição devido ao conhecimento adquirido em tecnologia de cana-de-açúcar.


“O Brasil possui expertise, clima e grande quantidade de terras agricultáveis, elementos cruciais para se produzir os biocombustíveis que serão usados em aviões no futuro. Até 2050, as companhias aéreas terão de reduzir pela metade as emissões de dióxido de carbono (C02) em relação aos níveis medidos em 2005, de acordo com as diretrizes estabelecidas pela Associação de Transporte Aéreo Internacional (IATA, na sigla em inglês). E a utilização de um combustível renovável nacional, como o querosene de cana, seria de grande importância, pois ajudaria as empresas a atingirem essa meta,” observa Szwarc.

A crença do executivo da UNICA foi reforçada no final de outubro (26-10), quando a Boeing e a Embraer assinaram com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) um acordo na área de energias renováveis. Em 2012, a soma desses esforços deve resultar em uma análise mais precisa sobre a viabilidade de se construir no País um centro de estudos focado no desenvolvimento de combustíveis sustentáveis para o transporte aéreo. As companhias aéreas Azul, GOL, TAM e Trip atuarão como consultoras estratégicas do programa.

Em junho deste ano, as duas fabricantes de aviões já haviam se comprometido em financiar pesquisas com biocombustíveis, com o apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e da Amyris, empresa americana de biotecnologia instalada na cidade de Campinas (SP).


Para Donna Hrinak, presidente da Boeing Brasil, “reunir pessoas no País com liderança e expertise para criar fontes de energia de baixo carbono para aviação é a coisa certa a ser feita pela indústria.” Já para Mauro Kern, vice-presidente Executivo de Engenharia e Tecnologia da Embraer, o “desenvolvimento de combustíveis limpos e renováveis é, há muito tempo, um dos nossos focos em outras parcerias e este novo programa agregará mais valor àquelas iniciativas, especialmente devido à participação da Fapesp”.

Corte nas emissões

Segundo as normas da IATA, antes de cortar pela metade os poluentes em suas aeronaves até 2050, o setor aéreo deverá interromper o crescimento da emissão de carbono até 2020. “Diante destas exigências, embora Boeing e Embraer sejam concorrentes no mercado aeronáutico, o interesse pelos biocombustíveis é tão urgente que as duas multinacionais já trabalham em conjunto para viabilizar à produção de combustível renovável no Brasil,” observa Alfred Szwarc.

Segundo dados da Embraer, o setor aéreo, responsável por 3% do total de gases de efeito estufa (GEE) emitidos no planeta, lançou mais de 628 milhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera em 2010.

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