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Carne de frango: como evoluem as vendas de EUA e Brasil para a Rússia

Queda de compra nos EUA vem ocorrendo desde junho


A menos que se demonstre, fica difícil acreditar que o Brasil já chegou a exportar para a Rússia volume de carne de frango superior ao exportado pelos EUA, país que, historicamente, vinha respondendo por cerca de três quartos das compras externas efetivadas pelos russos.

Pois nos últimos cinco anos isso aconteceu de forma bastante visível em pelo menos um momento. Foi em 2010, ocasião em que, durante alguns meses, as compras russas junto aos EUA simplesmente zeraram frente à constatação (até então desconsiderada) de que o produto norte-americano era submetido, na fase final do processamento, a um banho de cloro. Protecionismo econômico com apelo técnico.

Na época, por seis meses consecutivos (março a agosto de 2010), o volume exportado pelos EUA foi menor que o embarcado pelo Brasil, ficando resumido a pouco mais de três mil toneladas. Já as exportações brasileiras para a Rússia nesse período somaram 84,5 mil toneladas e aumentaram 156%, fazendo com que os russos se mantivessem, durante grande parte do ano, entre os 10 principais importadores do frango brasileiro.

Mas esse posicionamento foi efêmero, não completou um ano. Pois logo a avicultura norte-americana equacionou o problema técnico cobrado pelos russos e as negociações entre as duas partes voltaram à rotina. E se, a partir de 2011, o volume russo importado dos EUA tem correspondido a apenas um terço do atingido, por exemplo, em 2009, foi porque os investimentos feitos pelo governo de Moscou na avicultura local começaram a proporcionar os dividendos esperados.

Em relação a 2014, especificamente, a queda de compra nos EUA vem ocorrendo desde junho, ou seja, antes que fosse decretado o embargo (em agosto). Já as importações do Brasil crescem desde março, isto é, bem antes do embargo.

O último dado do USDA relativo aos EUA (julho/14) aponta que as exportações para a Rússia nos sete primeiros meses do ano caíram 27%, enquanto os dados da SECEX/MDIC relativos ao Brasil indicam aumento de 30,6% no mesmo período. 

Embora o índice relativo ao Brasil seja mais representativo, o volume decorrente desse aumento ficou resumido a, apenas, 7 mil toneladas adicionais. O que – diga-se de passagem – representa perto de um quarto da perda norte-americana. Ou seja: a Rússia pode estar adquirindo menos de seu principal fornecedor, mas isso não significa que irá adquirir muito mais de outros fornecedores. 

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