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Deficit hídrico na produção de feijão é tema de doutorado

PR destinou 206,37 mil hectares para o cultivo de feijão


Em tempos de escassez de chuvas, escolher uma variedade de feijão mais adaptada ao deficit hídrico pode fazer a diferença na produção. Um estudo realizado pelo engenheiro agrônomo Daniel Soares Alves em sua tese de doutorado dentro do Programa de Pós-graduação em Engenharia e Sistemas Agrícolas, na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), em parceria com o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) de Londrina, analisou respostas produtivas e fisiológicas de cultivares de feijão em disponibilidades hídricas diferenciadas.

Alves explica que o objetivo do estudo foi identificar materiais genéticos mais tolerantes ao deficit hídrico, problema que tem sido cada vez mais comum na agricultura nos últimos tempos. O pesquisador observa que o melhoramento genético deveria ser melhor explorado na busca de soluções de problemas como a falta de chuvas. Por isso, conta ele, resolveu explorar o tema.

Para a realização da pesquisa foram utilizadas as variedades Iapar 81, IPR Tangará e IPR Curió, todas desenvolvidas pelo instituto de Londrina. O pesquisador afirma que a pesquisa avaliou aspectos produtivos e fisiológicos das três cultivares em três níveis de disponibilidade hídrica. Segundo Alves, a maior produção de grãos ocorreu com disponibilidade monitorada a 0,20 e 0,30 metros de profundidade.

O pesquisador completa que as cultivares de feijoeiro apresentaram respostas diferenciadas para as características produtivas e fisiológicas em função da disponibilidade hídrica ao longo do ciclo. As cultivares Iapar 81 e IPR Tangará apresentaram capacidade de recuperação das funções fisiológicas, como fotossíntese e transpiração. Essas duas variedades também mostraram maior produção de raízes, que foi menor para a cultivar IPR Curió.

Alves constatou ainda que a variedade Iapar 81 possui alta tolerância ao deficit hídrico. A IPR Tangará apresentou uma melhor resposta em sistema irrigado com alto índice de produtividade. "É bom salientar que esse trabalho foi feito de forma controlada em casas de vegetação, não sendo ainda avaliadas em campo", observa o agrônomo.

Benefícios

De acordo com o estudo, o principal benefício apontado é a possibilidade de conhecer o requerimento hídrico das cultivares de feijão. Além disso, segundo o pesquisador, os resultados podem auxiliar nos programas de melhoramento vegetal no desenvolvimento de cultivares mais promissoras na tolerância em maiores períodos de estiagem.

Alves esclarece que escolheu o Iapar porque a instituição possui o maior número de cultivares de feijão disponível no mercado. "Eu quis provar a resistência das variedades do instituto ao deficit hídrico", salienta o pesquisador. O estudo com as variedades, conta ele, durou um ano, tendo início em 2013. "Comecei o estudo na Esalq e logo fui chamado no concurso que prestei para o Iapar, onde trabalho hoje", explica o pesquisador.

Safra

De acordo com o último levantamento realizado pela Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), o Brasil deve plantar nesta primeira safra 1,11 milhão de hectares, contra 1,16 milhão no comparativo com a primeira safra referente ao ciclo 2013/14. Em volume, o País deverá produzir 1,08 milhão de toneladas, contra 1,25 milhão de toneladas referente ao primeiro ciclo da safra 2013/14.

No Paraná, esta primeira safra do período 2014/15 destinou 206,37 mil hectares para o cultivo de feijão, 13% inferior se comparado ao mesmo período do ano anterior, segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab). Em produção, o Estado espera colher nesta primeira safra 384,15 mil toneladas de feijão, 5% a menos em relação ao primeiro ciclo do ano passado (2013/14).
 

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