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Demanda mundial impulsiona mercado de proteínas animais

ABPA espera crescimento de 3% a 4% no volume exportado de aves no próximo ano


A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) espera crescimento de 3% a 4% no volume exportado de aves no próximo ano. De uma maneira geral, os gaúchos devem enviar aproximadamente 740 mil toneladas de carne de frango para outros países. Além da Rússia, os principais destinos serão o Oriente Médio, a Ásia e a África.

Especificamente, a Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav) ainda espera um incremento das compras da China e a abertura do mercado indiano. Segundo o presidente da ABPA, Francisco Turra, o governo brasileiro acordou com os chineses a habilitação de mais sete frigoríficos de aves. No mercado interno, a expectativa é de que o consumidor troque a proteína bovina - mais cara - pela de frango, com possibilidade de aumento de dois quilo no consumo per capita.

Para o diretor executivo da Asgav, José Eduardo dos Santos, a retomada das exportações a partir do "efeito Rússia" - no acumulado do ano, o volume exportado para esse país aumentou quase 160% em nível nacional - deixou o setor mais otimista. Nesse cenário, o Rio Grande do Sul, que enviava 3% do total das suas vendas internacionais para os russos, pode aumentar essa fatia para 10% em 2015. Entretanto, a entidade ainda prega cautela. "A continuidade deste crescimento é uma incógnita, pois a política internacional e as negociações entre Rússia e Ucrânia podem mudar esse quadro de uma hora para outra", pondera.

Em relação aos insumos e aos custos, a preocupação do setor é a baixa oferta de milho, utilizado como ração. Atualmente, é necessário buscar quase 2 milhões de toneladas fora do Estado. A situação poderá piorar com a tendência de próxima safra ter a menor área plantada para o grão desde o início do cálculo da série histórica em 1977. "Esse fator impacta drasticamente. Boa parte que é produzido no Norte do Estado é adquirido por agroindústrias catarinenses, outra fatia é exportada, ficando um volume irrisório para o consumo interno. Falta sintonia dos setores envolvidos direta e indiretamente na cadeia do milho", reclama Santos.

A proteína suína, mesmo com a possibilidade de fechar 2014 com retração de 2,4% nas exportações, se valeu do mercado russo para aumentar a rentabilidade, uma vez que as receitas devem evoluir 25% neste ano. Os criadores, que recebiam R$ 3,50 e R$ 3,80 por quilo em 2013, chegaram ao patamar de R$ 4,85 em determinados momentos de 2014.

Para 2015, o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (Acsurs), Valdecir Folador, acredita que a manutenção do valor acima dos R$ 4,00 será positiva. A indústria, por sua vez, se beneficia da baixa oferta no mercado internacional devido a problemas sanitários na Europa e nos Estados Unidos. Além do Japão e da China, Turra informa que há negociações avançadas para ter acesso ao México e a Coréia do Sul.

A carne bovina brasileira entrará no mercado mais disputado do mundo em 2015. A China voltará a comprar do Brasil depois de um embargo iniciado em 2012, quando foi registrado um caso de encefalopatia espongiforme - doença conhecida como mal da vaca louca - no Paraná. O ministro da agricultura, Neri Geller, projetou, em julho, a possibilidade deste mercado injetar mais de US$ 1 bilhão. O Rio Grande do Sul possui um frigorífico autorizado e deve habilitar mais um. Além disso, a Rússia, a Venezuela e o Irã seguem como mercados importantes.

A demanda mundial, inclusive, tem pressionado os preços para cima. A arroba do boi, por exemplo, partiu de R$ 100,00 no início de 2014 para R$ 147,00 em dezembro. Embora a projeção seja de mais pressão internacional pela proteína, o vice-presidente da Farsul, Gedeão Pereira, não aposta em uma grande elevação nos valores. "Acho que estamos chegando em um patamar de preço em que não há muitas margens para crescimento salvo que outras condicionantes intervenham no mercado", ressalta.

Para Pereira, com o ganho de área da soja, a tendência, no Estado, é de aumento da tecnologia no campo para aumentar a quantidade de animais por área exposta e reduzir as idades de acasalamento e abate para manter a oferta atual.

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