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Embrapa abre seu banco genético para conservar raças comerciais de interesse zootécnico

Serviço será anunciado durante a Expointer 2015


A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, uma das unidades de pesquisa da Embrapa localizada em Brasília, DF, está oferecendo aos pecuaristas brasileiros uma oportunidade inédita no País: a possibilidade de conservar material genético (sêmen e embriões) de raças comerciais de animais de interesse zootécnico congelados em botijões de nitrogênio líquido (a 196º abaixo de zero) com total segurança e tecnologia de ponta. E o mais importante: sem custos. Vale lembrar que o serviço oferecido pela Embrapa prioriza as linhagens formadoras das raças comerciais utilizadas pelos produtores. Os interessados podem procurar a “Casa da Embrapa” durante a Expointer 2015, que acontece no período de 29 de agosto a 06 de setembro, em Esteio, RS. Lá estarão pesquisadores e técnicos da Empresa preparados para explicar o funcionamento do novo serviço e assinar acordos de depósito de segurança padrão. Esse documento garante aos produtores, associações ou cooperativas a conservação do material genético em condições adequadas e sem manipulação pelo tempo que considerarem necessário.

A Expointer foi o evento escolhido para lançamento desse serviço pela tradição de mais de um século do estado do Rio Grande do Sul na realização de feiras agropecuárias, especialmente no que se refere à exposição de raças europeias. Hoje, o evento recebe anualmente mais de 500 mil visitantes e a comercialização de animais movimenta valores superiores a R$ 12 milhões.
 
Nova estrutura do Banco Genético da Embrapa garante a segurança da conservação
 
A possibilidade de estender aos produtores a conservação de suas raças comerciais no Banco Genético da Embrapa só é possível graças à nova estrutura inaugurada em abril de 2014, na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, para abrigar o Banco Genético da Embrapa. Até então, o espaço era restrito à preservação de raças seculares no Brasil, conhecidas como localmente adaptadas.

O novo prédio, que conta com mais de 2.000 metros quadrados, conta uma sala dotada de total segurança e assepsia voltada exclusivamente à manutenção de três criobancos (botijões de nitrogênio líquido), com capacidade para conservar 270 mil doses de sêmen congelados por tempo indeterminado. Além disso, possui uma fábrica própria de nitrogênio líquido, o que o torna autossuficiente na produção desse líquido, com uma capacidade de cerca de 100 litros por dia. Por isso, o serviço é oferecido sem custos para os produtores.

Os botijões de nitrogênio líquido contam com tecnologia de ponta para conservação do material genético. Os sêmens e embriões são congelados em um moderno equipamento denominado de “margarida” (daisy, em inglês), composto por visotubos nos quais as raças são facilmente identificadas, pois são separadas por cores.
 
Iniciativa vai contribuir para conservar a história da pecuária brasileira
 
Segundo o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Arthur Mariante, que estará presente na “Casa da Embrapa” durante a Expointer, essa é a primeira vez que a Embrapa oferece aos produtores a oportunidade de conservar material genético de raças comerciais. “O que é uma chance de conservarem linhagens que foram importantes na adaptação das raças comerciais utilizadas hoje no Brasil”, explica. Dessa forma, a Embrapa e os produtores estarão contribuindo para resgatar e conservar a história da pecuária no Brasil.

Os animais mais produtivos utilizados hoje na pecuária nacional são resultados de muitos cruzamentos feitos pelos produtores ao longo de décadas. O serviço que a Embrapa está oferecendo permite a eles conservar os genes que não usam mais, mas que podem ser muito importantes para programas de melhoramento genético no futuro. “Muitas vezes, esses genes carregam características importantes de adaptação ao longo dos anos, como resistência a doenças ou resistência a estresses climáticos, entre outras”, explica Mariante, lembrando que a manutenção desse material genético sai caro para os pecuaristas por causa do alto custo do nitrogênio líquido.

O pesquisador lembra que nos Estados Unidos a ABS, que é a maior central de inseminação artificial de bovinos do mundo, doou ao banco genético do Departamento de Agricultura Americano (USDA, sigla em inglês), em Fort Collins, Colorado, milhares de doses de sêmen.

Além de isento de custo, o serviço oferecido pela Embrapa oferece aos produtores que seu material genético seja conservado com segurança e expertise alcançado pela Empresa ao longo de mais de três décadas voltadas à conservação de recursos genéticos animais no Brasil.
           
Conservação animal é prioridade desde a década de 80
 
A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia investe na conservação de recursos genéticos animais desde a década de 80. O interesse principal é preservar raças de animais domésticos de interesse para a pecuária conhecidas como “locais” ou “naturalizadas”, pois se encontram no Brasil há séculos, muitas desde a época da colonização. Essas raças são verdadeiros tesouros genéticos, pois possuem características de rusticidade e adaptação, adquiridas ao longo dos séculos, que podem ser muito úteis em programas de melhoramento genético, no cruzamento com raças mais produtivas.

A “Arca de Noé” da Embrapa abriga, principalmente, raças de animais ameaçadas de extinção, pois foram sendo substituídas por outras mais produtivas ao longo dos séculos. Os bovinos, equinos, caprinos, suínos, ovinos, asininos e bubalinos são conservados em núcleos de preservação distribuídos por todo o Território Nacional, em parceria com associações de produtores, universidades e outras instituições de pesquisa.

A conservação é feita também sob a forma de sêmen e embriões congelados em criobancos. O Banco Genético da Embrapa conta hoje com cerca de 65 mil amostras de sêmen e 450 embriões.

Com o novo serviço, a Embrapa estende ao setor produtivo, pela primeira vez, a possibilidade de usufruir de todo o know-how adquirido pela Empresa ao longo desses anos na conservação de recursos genéticos animais. “O nosso foco é nas raças formadoras das raças comerciais utilizadas hoje no Brasil”, ressalta Mariante.

O material genético conservado poderá ser útil também para estudos e pesquisas futuras de cientistas e estudantes de pós-graduação, a partir da comparação entre linhagens antigas e atuais.

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