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Embrapa recebe batata vinda do Peru, a mais biodiversa do mundo

Batata andina é mais valiosa no que se refere à diversidade genética


A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia recebeu nesta quinta-feira (05.03) a segunda remessa da coleção de batata do CIP (International Potato Center), do Peru. Trata-se de uma cópia de segurança da coleção de batata mais valiosa do mundo no que se refere à diversidade genética, já que o país é o berço genético dessa cultura, originária da Cordilheira dos Andes (situada entre Peru e Bolívia). A coleção original conta com quatro mil amostras de variedades silvestres e cultivadas. Na primeira remessa, que aconteceu no dia 06 de novembro de 2014, chegaram à Unidade em Brasília, DF, 180 acessos de material silvestre e amostras de nove variedades cultivadas de batata. Nesta segunda, foram enviados 880 acessos de cerca de 18 espécies. A última remessa está prevista para o mês de abril e deverá contar com mais de 1800 acessos.

O CIP é o detentor do maior banco de batata in vitro (conservada em tubos de ensaio), do mundo. Essa forma de conservação é a mais adequada no caso dessa cultura, por se propagar vegetativamente por mudas e não por sementes. A cópia de segurança é como um backup da diversidade genética de batata daquele País, que é o maior produtor de batata da América Latina, no qual o consumo per capita é superior a 80 quilos.

A escolha da Embrapa para ser a guardiã da cópia de segurança da coleção peruana se deve a dois motivos, como explica a pesquisadora do CIP, Nataly Franco. O primeiro critério foi a cooperação técnica mantida há décadas pelas duas instituições. O segundo foi a moderna e segura infraestrutura oferecida pelo Banco Genético, mantido pela Empresa em Brasília. “Esse segundo fator foi determinante para a definição do Brasil como guardião da coleção. Tínhamos uma cópia na Argentina, mas ela será desativada assim que a coleção completa chegar à Embrapa”, afirma a pesquisadora peruana.

Na Embrapa, a cópia de segurança da coleção de batata do CIP ficará conservada e não será manipulada. A cada dois anos, uma equipe da instituição peruana virá à Embrapa para renová-la. Antes de ser incorporada ao Banco Genético da Embrapa, os tubos de ensaio passaram por um processo de desinfestação para evitar contaminação das mudas de batata e das outras coleções mantidas pela Empresa.

Segundo o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Francisco Ricardo Ferreira a rapidez no transporte no caso de plantas é um fator muito importante, pois se trata de material perecível. Por isso, foi estabelecido como itinerário Lima-Panamá-Brasília, de modo a facilitar não só o translado, mas, principalmente, o desembaraço alfandegário. Graças ao empenho das equipes das duas instituições, o envio foi concluído em tempo recorde, de apenas três dias entre o Peru e o Brasil. As mudas foram despachadas na segunda-feira, dia 02 e chegaram em Brasília na madrugada de hoje (05). “A agilidade no transporte é de vital importância nesse caso porque  as plantas in vitro não serão manipuladas na Embrapa, portanto quanto menor esse tempo, maior será a sobrevivência das plantas nos tubos”, afirma.

Conservar as coleções genéticas de parceiros é um dos objetivos do Banco da Embrapa

O Banco Genético da Embrapa, inaugurado no dia 24 de abril de 2014, é um prédio de dois pavimentos com área total superior a dois mil metros quadrados, com infraestrutura moderna e segura para conservar em condições adequadas o manancial genético resultante de quatro décadas de pesquisas da Empresa com foco na sustentabilidade e segurança alimentar. São espécies coletadas em todas as regiões brasileiras e intercambiadas com outras instituições de pesquisa do Brasil e do exterior que garantem muito mais do que a simples conservação: asseguram a diversidade genética, fundamental para a certeza de uma mesa farta às gerações atuais e futuras.

O novo prédio é pioneiro no País por reunir, no mesmo espaço, pesquisas de conservação e uso sustentável de plantas, animais e microrganismos. Isso significa a garantia de material genético à disposição dos cientistas para o desenvolvimento de novos produtos e tecnologias com características de interesse da sociedade, como: resistência a pragas e doenças; tolerância a estresses climáticos e maior teor nutricional, entre outras aplicações.

Um dos objetivos do Banco é abrigar coleções de plantas, animais e microrganismos mantidas por instituições parceiras do Brasil e de outros países, como é o caso da cópia de segurança da coleção de batata do CIP recebida nesta quinta-feira.

No caso do centro peruano, trata-se de uma coleção de mudas in vitro, mas o Banco Genético da Embrapa está apto a conservar material genético em suas mais variadas formas, como por exemplo, sementes e mudas, no caso de vegetais; sêmen e embriões de animais; e DNA em todos os casos. Para isso, o espaço conta com laboratórios, câmaras de conservação de plantas in vitro (para espécies cujas sementes que não suportam baixas temperaturas), criobancos (nos quais os materiais genéticos são conservados congelados em nitrogênio líquido) e bancos de DNA.

Vale destacar que a estrutura para a conservação de sementes é a maior do Brasil e da América Latina, com capacidade para 750 mil amostras armazenadas em câmaras frias a 20ºC abaixo de zero.

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