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Indústria brasileira de couro prevê um ano positivo para o setor nacional

Em 2014, Brasil exportou US$2,948 bilhões em couros


O presidente executivo do Centro das Indústrias de Couro Brasileiras (CICB), José Fernando Bello, espera que em 2015 o couro seja ainda mais valorizado como material de alto valor agregado, já que o consumidor final parece estar cada vez mais exigente.

“A tendência é que o mercado interno incremente o uso de couro nos próximos anos, sobretudo no setor de calçados. Temos capacidade produtiva para atender a demandas internas e para exportar”, afirma.

Os dois últimos anos foram tão significativos para as exportações brasileiras, com crescimento de 38% (quando somados), que a intenção, para 2015, é manter o percentual. No ano passado, o Brasil exportou US$ 2,948 bilhões em couros, 17,4% acima do valor registrado em 2013. Os números são da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), com apuração da Inteligência Comercial do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB).

“O resultado positivo é fruto de grande esforço dos empresários em agregar tecnologia a seus processos, tornando seus produtos cada vez mais competitivos”, afirma.

Ele cita o projeto setorial Brazilian Leather – iniciativa de CICB e da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) para incentivo às exportações de couros – como um vetor fundamental no balanço das exportações em 2014.

O gestor destaca que o trabalho empenhado em pautas como qualidade do couro, sustentabilidade, promoção de imagem e tecnologia foram fundamentais para os resultados de 2014, bem como para a continuidade do País como protagonista no cenário internacional.

ENTRAVES

Mesmo assim, há desafios que dificultam a produção brasileira de couro. Na visão de Bello, as oscilações do câmbio representam um entrave para os fabricantes, atualmente. O setor ainda se depara com problemas burocráticos e de  infraestrutura deficiente no âmbito interno.

“É importante ainda ressaltar que a matéria-prima que chega hoje à indústria para ser processada é de pouca qualidade”, destaca o executivo.

Ele destaca que o curtume, quando negocia com o fornecedor, paga o couro por quilo, independentemente das condições de qualidade do material. O problema é que, muitas vezes, o couro apresenta defeitos que comprometem a venda após o processamento, mesmo com o uso de altas tecnologias de processos para minimizá-los.

“Marcas de ferro cadente, arame-farpado, espinhos e parasitas – como bernes e carrapatos – são frequentes e fazem com que parte do couro dos curtumes tenha de ser desclassificado, já que as fábricas de calçados, artigos e acessórios costumam rejeitar e valorizar menos as peças com falhas”, observa.

Bello cita estudo, ainda não publicado da Embrapa Gado de Corte (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), que avaliou a qualidade do couro bovino de sete Estados brasileiros (Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Bahia e Pará).

“A conclusão foi de que, de 7 mil amostras de couro analisadas, todas tinham algum tipo de marca, o que não nos surpreendeu, apenas formalizou as queixas do setor”, analisa.

Na visão do presidente executivo do CICB, esta é uma questão que precisa ser adequada com certa urgência no Brasil. “Como alternativa, o País poderia adotar um modelo de venda parecido com o norte-americano, onde o couro é classificado por peso e sexo e os preços variam conforme as condições de cada peça”, sugere.

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