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Inovações da pesquisa são destaque da Embrapa na Belasafra

14ª Belasafra


A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) apresentará as novidades da ciência na 14ª Belasafra, evento promovido pela Belagrícola, de 27 a 30 de janeiro, no Buffet Arejo, em Cambé (PR). Entre as tecnologias que trarão vantagens competitivas aos agricultores estão: a coinoculação, que melhora a produtividade da soja e do fejião e ainda tecnologias e orientações quanto ao manejo de pragas, plantas daninhas e  fertilidade do solo.

Um dos pontos altos do evento será a demonstração do portfólio de cultivares de soja para a região meridional do Brasil. Serão apresentadas três cultivares de soja transgênicas BRS 359RR, BRS 360RR, e BRS 1001IPRO e uma cultivar convencional: a BRS 284. Durante o evento, os produtores terão a oportunidade de conhecer também as características da BRS 1010IPRO e da BRS 388RR que chegarão aos produtores de sementes na próxima safra.

A Embrapa traz em seu portfólio tanto a soja convencional como a primeira geração de transgênicos (RR1) e ainda a tecnologia Intacta que combina resistência ao herbicida glifosato para manejo de plantas daninhas e resistência à toxina Bacillus thuringiensis (Bt) que auxilia no controle de algumas espécies de lagartas. “Nosso portfólio está completo para atender às necessidades específicas dos sistemas produtivos de cada produtor”, destaca o chefe-geral da Embrapa Soja, Jose Renato Bouças Farias.
 
Cultivares de soja
A BRS 1001IPRO tem as características da tecnologia Intacta RR2 PRO™, associada à base genética da BRS 284, que é campeã de produtividade para a região indicada. De acordo com o pesquisador Geraldo Estevam Carneiro, da Embrapa Soja, a rede de experimentação da parceria Embrapa/Fundação Meridional verificou uma produtividade média de 64 sacas/ha da BRS 1001IPRO, superando os melhores padrões de produtividade.

Com relação à fitossanidade, Carneiro ressalta como ponto forte da nova cultivar a tolerância ao nematoide de galha Meloidogyne javanica, resistência ao cancro da haste, à pústula bacteriana e à mancha olho-de-rã. Além disso, é moderadamente resistente ao crestamento bacteriano, à podridão radicular de fitóftora e ao oídio.

A BRS 1001IPRO tem ainda crescimento indeterminado, possui boa resistência ao acamamento e excelente capacidade de crescimento em condições adversas. “Também é um atrativo o fato desse material ter ciclo precoce e favorecer o cultivo do milho safrinha em meados de fevereiro”, enfatiza.

Os pesquisadores da Embrapa também irão apresentar aos visitantes da Belasafra as características agronômicas da BRS 359RR. O pesquisador Arnold Barbosa de Oliveira explica que é uma soja precoce, transgênica, com resistência ao glifosato.  “A partir do final de setembro e início de outubro essa soja já pode ser semeada e, consequentemente, poderá ser colhida mais cedo, característica interessante para os produtores que realizam a segunda safra de milho safrinha”, reforça. Essa cultivar é indicada para o oeste, norte e noroeste do Paraná, o centro-sul e oeste de São Paulo, o sul, centro-sul, sudeste e centro-oeste do Mato Grosso do Sul, sudoeste e sudeste de Goiás, e as regiões do triângulo e alto Paranaíba, em Minas Gerais. Além disso, é uma cultivar competitiva em produtividade, além de ter um pacote sanitário muito bom, sendo resistente às principais doenças. “É também relativamente tolerante ao acamamento e pode ser cultivada em altitudes mais elevadas, respeitando a densidade de semeadura para cada região de indicação”.

Com relação à BRS 360RR, Barbosa de Oliveira diz que é cultivar transgênica com tolerância ao glifosato, apresenta crescimento indeterminado e alto potencial produtivo, com melhor desempenho em áreas com altitudes menores que 600 metros. Sua semeadura antecipada aliada à precocidade favorece a melhor época da segunda safra de milho. É indicada para o oeste e o norte noroeste do Paraná, para o centro sul e oeste de São Paulo e sul, centro-sul e sudoeste do Mato Grosso do Sul. “Em termos fitossanitários é resistente às principais doenças da soja”, destaca.

A BRS 284 é campeã de produtividade, tem precocidade, crescimento indeterminado e porte adequado. Essas características, segundo os pesquisadores da Embrapa, permitem a semeadura a partir de 5 de outubro, viabilizando o plantio do milho safrinha em época oportuna. É indicada para o Paraná, São Paulo, meio-oeste, serra geral e centro norte de Santa Catarina e Mato Grosso do Sul.

Em testes de experimentação da Embrapa e da Meridional, conduzidos por três anos em mais de 40 pontos, a produtividade da BRS 284 foi 7% superior ao melhor padrão disponível no mercado. “Além disso, essa cultivar venceu vários concursos práticos de produtividades”, diz Barbosa de Oliveira. A cultivar BRS 284 apresenta excelente potencial produtivo também em áreas com a presença do nematoide de galhas Meloidogyne javanica.
       
Equilíbrio nutricional via potássio e fósforo 
Durante a Belasafra, os pesquisadores da Embrapa irão abordar a influência do potássio (K) na produtividade da soja. Segundo o pesquisador Cesar de Castro, da Embrapa Soja, tem sido frequente o aparecimento de sintomas de deficiência de K em lavouras de soja, caracterizados por uma clorose nas folhas superiores da planta. Segundo Castro, cada tonelada de grãos de soja retira de 20 a 25 kg/ha de K2O. Por isso, a adubação com o potássio deve ser bem planejada, visando atender a alta exportação na cultura da soja.

A recomendação dos pesquisadores é que a aplicação desse nutriente seja realizada no sulco de semeadura, desde que a dose aplicada seja inferior a 50 kg/ha de K2O. Para doses maiores, deve-se aplicar parte do fertilizante em cobertura.  “Antes de realizar a adubação, faça de análise de solo para avaliar a disponibilidade do nutriente, bem como a quantidade de fertilizante a ser aplicada”, orienta o pesquisador. “Em complemento, pode-se realizar a análise foliar para avaliar o estado nutricional da lavoura”.

O pesquisador Adilson de Oliveira Júnior, da Embrapa Soja, também pretende abordar a relevância do Fósforo (P), nutriente que mais limita a obtenção de altas produtividades de soja, principalmente, em áreas recém-incorporadas ao sistema de produção. De acordo com o pesquisador, em lavouras com sintomas de deficiência de P, as plantas apresentam redução de porte, de área foliar e consequentemente, de produtividade.

Cada tonelada de grãos de soja, retira de 10 a 13 kg/ha de P2O5. “A adubação com fósforo deve ser realizada visando corrigir a deficiência desse nutriente em solos com baixa disponibilidade ou atender a exportação na cultura da soja, no caso se solos com adequada disponibilidade de P (adubação de manutenção)”, recomenda Oliveira. Antes de realizar a adubação, o pesquisador reforça a necessidade de que seja feita a análise de solo para avaliar a disponibilidade do nutriente e a quantidade de fertilizante a ser aplicada. “Como complemento, o produtor pode realizar a análise foliar para avaliar o estado nutricional da lavoura”, destaca.
 
Tecnologia de Coinoculação
Os produtores de soja e de feijão tem um novo aliado para o aumento de produtividade e da sustentabilidade de seus sistemas de produção: a tecnologia de coinoculação, que consiste em combinar a inoculação das sementes com bactérias de Bradyrhizobium para a soja, ou Rhizobium para o feijoeiro com a inoculação com Azospirillum, uma bactéria promotora de crescimento.  A tecnologia foi desenvolvida em parceria com a empresa Total Biotecnologia o produto é o Azototal Max. “É a primeira vez, em mais de 50 anos, que se recomenda um novo tipo de bactéria para as culturas da soja e do feijoeiro, que não sejam rizóbios”, comemora a pesquisadora Mariangela Hungria, da Embrapa Soja.

As pesquisas para desenvolvimento da tecnologia de coinoculação da soja e do feijoeiro iniciaram em 2009. Nos três primeiros anos foram conduzidos nove experimentos, em Londrina e em Ponta Grossa, PR. A principal comparação foi entre dois tratamentos controle, o primeiro sem o uso  de inoculante e o segundo com reinoculação anual com Bradyrhizobium para a soja e Rhizobium para o feijoeiro (práticas recomendada pela Embrapa) e o tratamento de coinoculação  com rizóbios e Azospirillum. Os estudos confirmaram que a reinoculação anual da soja proporciona um incremento médio no rendimento de grãos de 8,4% em relação às áreas que não são inoculadas anualmente.

A surpresa veio do resultado da nova tecnologia: os ensaios de campo mostraram que, com a coinoculação houve um incremento médio de 16,1% no rendimento da soja, em relação às áreas não inoculadas. No caso do feijoeiro, a reinoculação anual resultou em um incremento médio de 8,3%, em relação ao tratamento não inoculado, enquanto que a coinoculação com Azospirillum resultou em um incremento adicional de 14,7%. Ainda com o feijoeiro, em relação ao controle não inoculado, a coinoculação de Rhizobium e Azospirillum resultou em um incremento de 19,6%, em relação às áreas não inoculadas. Mais informações técnicas podem ser obtidas no site da Embrapa Soja (www.cnpso.embrapa.br/coinoculacao) e informações comerciais sobre o produto no site da Total Biotecnologia (http://www.totalbiotecnologia.com.br).
 
MIP-soja
Na safra 2013/2014, o Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-Paraná), em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), conduziu 46 Unidades de Referência (URs), em propriedades agrícolas paranaenses para avaliar o impacto da utilização do Manejo Integrado de Pragas. O monitoramento realizado no Paraná mostrou que a aplicação de inseticidas foi reduzida pela metade - 2,6 aplicações - nas URs assistidas pelo Emater, enquanto que em áreas em que não se fez o MIP, a média foi de 5 aplicações.  “Os resultados mostram ser possível reduzir o uso de agroquímicos no controle de pragas da soja e assim, propiciar melhorias na renda do produtor de soja e minimizar o impacto ao ambiente”, ressalta o pesquisador Osmar Conte da Embrapa Soja.

Segundo pesquisadores da Embrapa, o MIP-soja é uma tecnologia de manejo das pragas que visa principalmente manter o ecossistema da soja o mais próximo possível do equilíbrio. Esse equilíbrio biológico permite a sustentabilidade da lavoura e a preservação do meio ambiente em longo prazo, evitando o uso abusivo de inseticidas. Sendo assim, o MIP-soja promove o controle racional dos insetos-pragas através da associação de diferentes táticas, entre as quais estão, por exemplo, o uso de cultivares mais resistentes as pragas, o controle biológico e o uso de inseticidas que por sua vez devem ser utilizados apenas quando necessários, priorizando-se os produtos mais seletivos aos insetos benéficos e mais seguros ao homem e meio ambiente.

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