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Mais de 40% de Mato Grosso está desmatado; devastação avançou

36 milhões de hectares tiveram sua vegetação retirada


Maior produtor de agronegócios do Brasil, o Estado de Mato Grosso já apresenta 40% de sua extensão territorial desmatada, conforme dados apresentados pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso (Sema/MT). Isso significa mais de 36 milhões de hectares que, de alguma, forma tiveram sua vegetação retirada, seja para a produção agrícola, principalmente de grãos, pecuária e extração de madeira de lei, ou para uso em forno (queima).

Apesar deste percentual ser aparentemente alto, a Sema avalia que houve uma redução no desmate. O levantamento aponta que há 10 anos este desmatamento acumulado era de 32.032.022,64 de hectares, que representava 35% do Estado, e que a partir de 2004 as taxas começaram a cair. Na última década, o avanço de desmatamento cresceu cerca de quatro milhões de hectares.

A superintendente de Geoinformação e Monitoramento Ambiental da Sema, Elaine Corsini, explica que essa redução ocorreu pela melhora no manejo e implemento de tecnologia, que permite o confinamento, sem precisar utilizar de extensas áreas para a criação de gado, por exemplo.

No entanto, apesar desse dado positivo, o biólogo Romildo Gonçalves diz que as informações da Secretaria do Meio Ambiente não são confiáveis. Professor da Universidade Federal de Mato Grosso, Romildo já foi diretor da Sema entre os anos de 1991 a 1994.

Para ele o desmatamento deve estar na escala de até 45% da vegetação mato-grossense que, de alguma forma, foi danificada. Parece ser irrisório a diferença de 5% em relação aos dados da Sema, mas isso significa mais de 8 mil campos de futebol. Ou seja, ele, que acompanha o desmatamento desde 1990 e tem especialização em incêndios florestais, com mestrado e doutorado, relata que entre os três ecossistemas, 56% da vegetação é nativa, ou seja, entre floresta e cerrado intocados.

Mato Grosso é um Estado rico em sua vegetação. Para se ter uma ideia,  52% de seu território é constituída por floresta amazônica, 41% por cerrado e 7% de área do pantanal. “Nós tivemos um período crítico de desmate desenfreado entre a década de 70, quando haviam apenas 38 municípios juridicamente constituídos, até década de 90. E hoje, com 141 municípios, 80% da economia gira em torno da terra, seja na produção de grãos ou pecuária. “Então, é preciso mais atenção”, salienta o pesquisador.

Romildo faz um alerta quanto a concentração de desmatamento na região dos municípios de Confresa, Santa Cruz do Xingu, Nova Floresta, São José do Xingu, também no baixo Vale do Araguaia e no eixo de Colniza, Cláudia, Vera, União do Sul e Apiacás, em virtude da chegada da produção de grãos, como milho, soja, sorgo e mamona.

Já Lucas do Rio Verde, Sorriso e Nova Mutum chegaram no seu limite de desmate e o restante dos municípios do Norte do Estado estão em processo de desmatamento.

A área da pecuária é muito maior que a de ocupação da agricultura, que tem restrições de uso, devido o tipo de relevo, de solo e deve ser em local plano.

Os critérios para o desmate são a partir do licenciamento da propriedade do produtor e pedido de autorização junto a Sema. “Por lei pode-se desmatar 65% de cerrado e 20% de floresta. Se não faz esse processo e simplesmente desmata isto é ilegal. Ainda tem que descontar as Áreas de Preservação Permanente (APP)”, frisa Elaine Corsini.

Se for floresta, primeiro o produtor tem que tirar a madeira para cunho comercial, para depois pedir a autorização do desmate que é para limpar a área como um todo.

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