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Morte de bovinos por hipotermia é associada à má nutrição

Número de animais mortos pode passar de mil



Não é de hoje que a Embrapa chama atenção para a importância de se adotar boas práticas agropecuárias, a única maneira de se alcançar uma pecuária mais sustentável, econômica, social e ambientalmente correta.

Notícias como a de mortes de bovinos por hipotermia nas regiões nordeste e sul de Mato Grosso do Sul, não são incomuns, mas não devem ser aceitáveis nos dias de hoje. Há pelo menos 15 anos o Estado registra ocorrências de perda de gado, numa média de quase dois surtos por ano, envolvendo um número considerável de animais mortos por hipotermia. Os dois maiores surtos registrados em Mato Grosso do Sul são de 10 mil animais no ano de 2000 e de três mil em 2010.
 
As mortes de bovinos por hipotermia ocorridas no último final de semana em fazendas localizadas em Coxim e no Pantanal estão sendo analisadas pela Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro). Um primeiro diagnóstico aponta as condições climáticas nos dias 24 e 25, com queda brusca de temperatura e chuva e que as vítimas foram os animais mais jovens, com menor resistência. O número de mortos ainda está sendo contabilizado, mas o Sindicato Rural de Coxim (MS) acredita que passa de mil animais.
 
Para o difusor de tecnologia da Embrapa Gado de Corte Haroldo Pires de Queiroz as mortes dos animais estão relacionadas a um conjunto de fatores que vão desde a desnutrição, à falta de abrigo agravada pela queda de temperatura e umidade em excesso. "Estudos técnicos comprovam que a hipotermia é causa de mortalidade quando bovinos mal nutridos, com pouca disponibilidade e qualidade de forragem e ausência de abrigo, são expostos a uma mudança climática brusca com queda de temperatura combinada com chuvas e ventos fortes".
 
Para o técnico da Embrapa, essas mortes poderiam ser evitadas se as Boas Práticas fossem adotadas a começar pela nutrição do rebanho e acesso a abrigos para que eles possam se proteger das intempéries.
 
Haroldo faz algumas recomendações para que o produtor não tome mais prejuízos, ele cita, por exemplo, que os animais devem se manter em um bom estado corporal na seca, o que se faz com um bom planejamento forrageiro. "O produtor tem que garantir volume de forragem para o período seco, ou seja, vedar pasto nas águas para usar na seca, o conhecido Feno-em-Pé, ou fazer feno de capim ou leguminosa", ensina. Além das pastagens, Haroldo Queiroz diz que é preciso oferecer um mínimo de proteína junto com o pasto,  uma mistura múltipla ou pelo menos sal mineral com ureia. Ele explica que essa dieta tem o objetivo de manter o animal em boa condição corporal e garantir a digestão dessa forragem de baixa qualidade, que se apresenta no período da seca. Outra dica é de que todo piquete tenha acesso às áreas de proteção como pequenos bosques ou capões com no mínino 40 metros de diâmetro.
 
Haroldo lembra que o planejamento forrageiro deve ser feito no final do verão, entre os meses de fevereiro e março. "O produtor deve se preocupar em vedar parte das pastagens de modo a garantir cinco toneladas de matéria seca em um hectare para cada animal que vai passar o período da seca – em torno de 5 meses".  Haroldo explica que animais que ficam em um pasto rapado, com menos de uma tonelada de matéria seca por hectare, correm o risco de se deitarem naquele local frio e úmido sem nenhum isolante térmico, perderem calor corporal e virem a morrer mais rápido.
 
Ainda, segundo Haroldo, uma atenção maior nessa época deve ser dada aos animais zebus e azebuados, porque além de terem pele e pelos mais finos eles têm uma menor capacidade de produzir calor do que os animais de raça europeia ou cruzados com europeus.

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