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Próprio agricultor pode identificar a Helicoverpa armigera, diz pesquisador em MS

Controle da lagarta foi tema de mesa-redonda


O próprio agricultor, usando uma lupa, pode fazer fazer a identificação preliminar da Helicoverpa armigera em suas lavouras, deixando para que no laboratório seja feita a confirmação. A avaliação foi feita pelo pesquisador e entomologista da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS), Crébio Ávila, durante mesa-redonda sobre a praga realizada no 13º Simpósio de Controle Biológico (Siconbiol), que terminou nesta quarta-feira (18), em Bonito, a 300 quilômetros de Campo Grande.


“O produtor pode identificar [a lagarta] no campo. Tendo uma lupa de bolso é suficiente para ele separar essas lagartas. No caso da Helicoverpa armigera, tem uma característica muito importante: no quarto segmento da lagarta - que é o primeiro segmento abdominal - existem algumas estruturas escurecidas no pelo, como se fosse o formato de cela. Outra característica é que ela possui grande quantidade de pelos brancos sobre o corpo da lagarta. Tem também um aspecto coriáceo, mais endurecido quando se passa o dedo sobre a lagarta”, comenta, alertando, entretanto, que confirmação realmente segura será dada por um laboratório.

Para controlar essa lagarta, que foi descoberta recentemente no País, e tem grande poder de destruição, atacando culturas como a soja, o milho, o algodão, o feijão e o tomate, ele comenta que a Embrapa reuniu mais de 30 entomologistas e preparou um plano emergencial para o manejo da pragam em diferentes sistemas de cultivo.

“É um documento orientador básico do manejo emergencial dessa praga. Depois [do documento pronto] a Embrapa mesmo fez ações de divulgação, de transferência de tecnologia. Em Mato Grosso do Sul nós temos várias ações de transferência de tecnologia, várias palestras informando consultores e assistência técnica sobre como identificar a praga e o potencial de dano da praga. A Embrapa também está se organizando em pesquisa na forma de arranjo e de portfólio de projeto, para criar uma rede de pesquisa para desenvolver ações e soluções de manejo dessa praga”, explica o pesquisador.

Ávila diz que no caso da Helicoverpa armigera, assim como de outros tipos de pragas agrícolas, o produtor deve adotar as ações previstas no Manejo Integrado de Pragas (MIP) para combatê-las e que uma das primeiras ações sempre é o monitoramento das lavouras para ter subsídios para a tomada de decisão e fazer o controle no momento certo.


“Hoje já existem ações previstas no Manejo Integrado de Pragas para fazer o controle biológico da [Helicoverpa] armigera, que pode ser feito de forma natural ou aplicada. O primeiro ocorre naturalmente e, logicamente, pode-se favorecer esse controle biológico natural quando se usa inseticidas seletivos, quando se usa ações com que façam que esses indivíduos se multipliquem no ambiente naturalmente. Ou o controle biológico aplicado, em que se libera os inimigos naturais para o controle das formas da Helicoverpa armigera. Existe, por exemplo, uma vespinha do gênero Trichogramma, que coloca seu ovo no ovo da Helicoverpa. Em vez de nascer uma lagartinha, vai nascer uma outra vespinha. Esse é um controle biológico muito importante”, revela.

O entomologista diz que também estão previstas no MIP ações de controle cultural. “Por exemplo, o calendário de plantio: se o produtor faz um plantio de forma concentrada e a janela de plantio seja mais estreita possível, é muito importante para reduzir a infestação da praga na cultura da soja, na cultura do algodão. O vazio sanitário também é muito importante, que é aquele período em que não se deve deixar plantas vegetando para não se constituir a ponte verde para o desenvolvimento da praga. O vazio sanitário é de extrema importância como estratégia de manejo. Existe também a possibilidade de controle de pupa com nematoide entomopatogênico. E, por último, a ferramenta emergencial que nós temos usado é o controle químico que funciona razoavelmente muito bem para Helicoverpa [armigera] se você aplica no momento certo e na dose correta”, detalha.

Por fim, Ávila alerta que em relação a Helicoverpa armigera, o produtor tem de estar consciente de que se trata de um grande problema. “Essa praga realmente tem um poder de destruição muito grande e nós temos que ter consciência disso para tomar as ações. A segunda mensagem é que somente nós vamos conseguir manejar essa praga se seguirmos os preceitos e filosofias do manejo integrado. O manejo integrado é o que vai garantir a produtividade do produtor e a sustentabilidade do agroecossistema”, conclui.

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