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Safra paranaense de verão pode atingir 23 milhões de toneladas

Para o Norberto Ortigara, o plantio da safra 2016/17 se desenvolve num ambiente com boas expectativas


Para o Norberto Ortigara, o plantio da safra 2016/17 se desenvolve num ambiente com boas expectativas

A maior parte da safra de grãos de verão 2016/17 já foi plantada, com boas perspectivas de desenvolvimento das lavouras em função do clima regular até agora. Se forem mantidas essas condições, a estimativa do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria estadual da Agricultura, aponta para uma safra de 23 milhões de toneladas de grãos, nesse período, que representa um aumento de 14% em relação à safra passada.

Conforme acompanhamento do Deral, o plantio de feijão e milho da primeira fase está em conclusão, e o da soja tem cerca de 60% da área prevista plantada. Ainda está em campo parte das lavouras de trigo da safra 2015/16, cuja colheita se prolonga até dezembro.

Para o secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, o plantio da safra 2016/17 se desenvolve num ambiente com boas expectativas. Aos poucos a economia do País vai ganhando contornos de reorganização.

“Atrelado a esse fator, importante em todo o ciclo produtivo, a produção agrícola requer investimento e aprimoramento em tecnologias, o que os produtores paranaenses estão fazendo”, afirmou. Ele disse que esse conjunto de ações e fatores serão determinantes para mais uma temporada de sucesso na safra de verão.

De acordo com o diretor do Deral (Departamento de Economia Rural), Francisco Carlos Simioni, o comportamento do clima está favorável à manutenção dos trabalhos de plantio. Com um regime de chuvas considerado regular até este momento, com períodos alternados de sol, o desenvolvimento das áreas cultivadas com os grãos da nova safra primavera/verão ocorre com normalidade

“A preocupação sempre existe, pois os efeitos da corrente climática La Niña, que pode se acentuar nos meses de janeiro e fevereiro de 2017, provocando períodos de seca, poderá modificar esse quadro positivo”, salientou. Outro fator de interferência em relação à produtividade esperada sãos as quedas de temperaturas anunciadas pelos principais institutos de climatologia do País, previstas para este final de semana. “Frio em novembro está fora do esperado e pode prejudicar algumas lavouras, principalmente o feijão porque é uma cultura muito sensível às alterações de clima”, destacou.

SOJA

A área plantada com soja na safra 2016/17 deve se consolidar em 5,24 milhões de hectares, ligeiramente inferior à do ano passado, que foi 5,28 milhões de hectares. Até agora, cerca de 60% da área está plantada, o que significa uma ocupação de 3,15 milhões de hectares com soja. Em condições normais de clima, a produção pode ir a 18,3 milhões de toneladas, que, se confirmada, será o maior volume de soja já colhido no Estado. Essa estimativa está 11% acima do volume colhido na safra anterior, que foi de 16,5 milhões de toneladas.

De acordo com o economista Marcelo Garrido, chefe da Conjuntura Agropecuária do Deral, o clima está contribuindo e com isso o ritmo de plantio está mais acelerado em relação aos anos anteriores. Se os efeitos do La Niña forem mais leves em relação às chuvas, o rendimento da safra tende a garantir uma boa produção no início do próximo ano, prevê.

O preço da soja apresenta um recuo de 6% no preço pago ao produtor, em torno de R$ 66,00 a saca, mas ainda assim rentável. No ano passado, nessa mesma época, o produtor recebeu em torno de R$ 70,00 a saca. Segundo Garrido, a queda no preço da soja é reflexo de safra cheia nos Estados Unidos este ano, que está com um recorde de produção de 117 milhões de toneladas. E também por causa da valorização do Real, frente ao Dólar, que faz com que o produtor ganhe menos do que ganhou no ano passado – destacou. “Mas ainda assim compensa porque remunera os custos de produção e o grão é o que mais apresenta liquidez no mercado”, acrescentou.

Por conta desse recuo, as vendas antecipadas também estão menores este ano. Segundo o Deral, cerca de 12% da safra prevista está vendida, contra 31% no ano passado. Garrido explica que o produtor de soja ainda está esperando o preço se elevar no mercado. “Ele está capitalizado e tem a expectativa de aumento de preços para frente”, destacou.

Isso porque após a colheita e venda da safra norte-americana, que está em andamento, ficará a produção das safras de soja do Brasil e Argentina, que juntos deverão produzir cerca de 160 milhões de toneladas, ou 49% da produção mundial, segundo previsão do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).

MILHO

A área plantada com milho nesta primeira safra cresce 18%, passando de 413.475 hectares plantados no ano passado para 487.314 hectares plantados este ano. O plantio está no final, com 93% da área já cultivada. O Deral tem uma expectativa de produção de 4,3 milhões de toneladas, que representa um aumento de 29% sobre a produção anterior que foi de 3,3 milhões de toneladas. Se for concretizada essa projeção, a produção do Paraná vai representar mais de 16% da brasileira, que tem uma estimativa de 26 milhões de toneladas do grão na primeira safra 2016/17.

Mesmo assim, os preços devem seguir firmes porque a oferta ainda estará justa para abastecer a demanda de granjas e indústrias no mercado interno, sem muita folga para exportação, analisou Edmar Gervásio, responsável técnico pela cultura. Segundo ele, daqui para frente segue um período de entressafra, onde há déficit de milho no mercado interno que não tem estoques para atravessar essa fase, considerada crítica. Com isso, os preços se mantêm sustentados em torno de R$ 32,00 a saca e a estimativa é que essa cotação permaneça nesta primeira safra.

Ainda há a possibilidade de importação de milho, em torno de um milhão de toneladas dos Estados Unidos, que este ano está colhendo uma supersafra, com 360 milhões de toneladas, o que deverá contribuir com a elevação dos estoques mundiais do grão.

Segundo Gervásio, a segunda safra de milho do Paraná (15/16), colhida recentemente, está com 82% comercializada, restando entre 5 e 6 milhões de toneladas disponíveis no mercado.

FEIJÃO

Cerca de 89% da área prevista para o plantio de feijão das águas no Paraná já está plantada, devendo ser finalizado até o final de novembro. Este ano, a área ocupada com as lavouras deverá ser de 191 mil hectares, 3% acima da área ocupada na safra passada que atingiu 184.854 hectares. A produção deverá crescer 21%, passando de 293.975 toneladas, colhidas na safra passada, para 354.852 toneladas na próxima safra, se não houver problemas com o clima.

Como nas demais culturas, as condições de campo também estão boas para o feijão. De acordo com o engenheiro agrônomo do Deral, Carlos Alberto Salvador, espera-se uma produtividade maior para esta safra que poderá render em torno de 31 sacas por hectare, um ganho adicional de 4 sacas por hectare em relação à safra das águas anterior.

A região de Ponta Grossa é a que mais produz feijão no Paraná, com uma participação de 28% da produção estadual. A produtividade chega a 35 sacas por hectare, acima da média do Estado.

Com a expectativa de uma oferta maior, os preços do feijão já estão em declínio. No entanto, está ocorrendo uma peculiaridade com o mercado, que está travado impedindo que essa queda chegue ao consumidor. Isso porque o setor varejista está com estoques de feijão adquiridos com cotações mais altas, que vinham vigorando no período de entressafra.

Com a entrada de produto novo de São Paulo e Goiás, as cotações do feijão pagas ao produtor já caíram para R$ 200,00 a R$ 250,00 a saca, metade do preço que vinha sendo praticado. Os mercados e atacadistas deverão comprar o feijão da nova safra, mas precisam escoar os estoques existentes. Os consumidores também não estão comprando o feijão a preços elevados e estão aguardando a entrada no mercado do feijão da safra nova, que deverá vir com preços mais baixos. Isso é o desafio a ser superado, analisa Salvador.

De acordo com o técnico, a safra paranaense entra no mercado a partir de dezembro e a expectativa é saber como estará o mercado até lá.

MANDIOCA  

A produção paranaense de mandioca está com 95% da área já colhida, em ritmo mais acelerado que no ano passado em função dos preços estarem mais atrativos com oferta menor para ser comercializada. A produção caiu 24%, passando de 3,74 milhões de toneladas no ano passado para 2,86 milhões este ano.

De acordo com o economista do Deral, Methódio Groxco, os preços da mandioca estão quase 300% acima dos praticados no ano passado. Em outubro de 2015, era comercializada por R$ 147,00 a tonelada, e este ano entre R$ 550,00 a R$ 600,00 a tonelada. Esses preços tendem a ficar firmes até a entrada da próxima safra, que inicia a partir de março do ano que vem.

Mesmo com este cenário, o produtor não está incentivado a aumentar o plantio porque, a exemplo do feijão, há variáveis que travam essa decisão. Segundo Groxco, o produtor de mandioca enfrenta dificuldades em encontrar mão de obra, o custo do arrendamento de terras é elevado e falta material de reprodução (manivas).

TRIGO

Último produto da safra passada (15/16), que está em campo, o trigo no Paraná está em fase de colheita com 75% da área colhida, devendo encerrar essa fase até dezembro. A produção paranaense 2016 deverá alcançar 3,27 milhões de toneladas, repetindo o volume colhido na safra passada, porém com uma área plantada 20% menor.

A colheita está revelando uma excelente produtividade no Paraná, em torno de 2.900 a 3.000 quilos por hectare, 23% acima da média do ano passado que foi 2.500 quilos por hectare. De acordo com o engenheiro agrônomo do Deral, Carlos Hugo Godinho, esse avanço da produtividade explica-se pelo investimento em tecnologia por parte do produtor e também pelo avanço da produção na região Centro-Sul do Estado.

Segundo Godinho, o produtor está optando pelo plantio de cultivares mais resistentes a fenômenos climáticos como seca, geadas e doenças. Com isso está obtendo grãos com maior teor de proteína e qualidade, fatores que atraem a indústria. “Isso é resultado do avanço da pesquisa agronômica que está contribuindo para o Paraná caminhar para uma produção de trigo de alta qualidade, o que faz a indústria remunerar por isso”, ressalta.

Apesar do avanço tecnológico, neste período de safra os preços estão em baixa, em torno de R$ 35,00 a saca. Godinho diz que a tendência das cotações para o trigo é de baixa por causa da oferta mundial do grão estar mais elevada.
 

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