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Tecnologias de controle biológico de pragas estarão entre os destaques da Embrapa na Expointer 2014

Objetivo é diminuir o uso de produtos químicos


A utilização de feromônios para controle de percevejos-praga da soja e uma técnica que permite aumentar a vida de prateleira de produtos biológicos de quatro semanas para seis meses serão os destaques da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, uma das 46 unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, durante a 37ª Exposição Internacional de Animais, Máquinas, Implementos e Produtos Agropecuários - Expointer 2014, que acontece no período de 30 de agosto a 07 de setembro, no Parque Estadual de Exposições Assis Brasil, em Esteio, RS.

Ambas as tecnologias são voltadas ao controle biológico de pragas, um método de controle racional e sadio, que tem como objetivo principal diminuir o uso de produtos químicos em prol de uma agricultura mais saudável e sustentável.

A Expointer é um evento anual que recebe cerca de 400 mil visitantes em uma área 134,09 hectares, o que a caracteriza como a maior feira de agronegócio da América Latina e uma das maiores e mais importantes exposições-feira do Mundo.

Saiba mais sobre as tecnologias que serão apresentadas pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia durante a Expointer 2014:
 
Estudo da comunicação entre insetos para controlar o percevejo marrom da soja
 
A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia desenvolve pesquisas com feromônios para controlar o complexo de percevejos da soja. Esses insetos estão entre as piores pragas da sojicultura no Brasil hoje, por se alimentarem diretamente nos grãos, causando sérios prejuízos no rendimento e na qualidade das sementes.  Dentre os principais danos, destacam-se: sementes com baixo vigor, menor teor de óleo, além do fato de que os percevejos facilitam a entrada de fungos, que podem causar outras doenças nas plantas.

Os feromônios são os mais importantes elementos da comunicação entre os insetos. São substâncias químicas de cheiro peculiar, presentes em cada espécie, que atuam como meios de comunicação.  Na natureza, são responsáveis pela atração de indivíduos da mesma espécie para acasalamento, demarcação de território e outros tipos de comportamento.

Os cientistas reproduzem, em laboratório, as condições observadas na natureza para monitorar o comportamento dos insetos-praga e interromper a sua reprodução.

Depois de isolar os feromônios, eles os colocam em armadilhas no campo, simulando a sua liberação pelos insetos. As armadilhas podem ser mantidas por até trinta dias consecutivos para que o agricultor possa monitorar a população de insetos. Caso atinja o nível de dano econômico, que é de 1,7 percevejos por armadilha, podem ser utilizados outros métodos integrados de controle.

As armadilhas são muito eficientes no controle do complexo de percevejos-praga, que inclui o percevejo marrom da soja (Euschistus heros); o percevejo verde ou Maria fedida (Nezara viridula), além das espécies: Piezodorus guildinii, Thyanta perditor, Chinavia spp, Neomegalotomus spp, Tibraca limbativetris, Oebalus poecilus e Dichelops melcanthus

Segundo o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Miguel Borges, os inseticidas à base de feromônios ocupam hoje cerca de 30% do mercado de biopesticidas no mundo. No Brasil, esses produtos estão em franca expansão, com mais de 20 já registrados e outros em fase de registro.

A tecnologia da Embrapa já está sendo repassada ao setor produtivo para que resulte em produtos comerciais capazes de monitorar e controlar o complexo de percevejos da soja. “O nosso objetivo é que a tecnologia auxilie os produtores na adoção de práticas de manejo que aumentem a eficiência do controle biológico nas lavouras brasileiras”, complementa Borges.
 
Patente vai acelerar o repasse da tecnologia de feromônios ao setor produtivo
 
Em outubro de 2013, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) concedeu à Embrapa uma patente que vai facilitar e agilizar a transferência dessa tecnologia ao setor produtivo. A patente, intitulada “Composição de atração, armadilhamento e/ou extermínio do percevejo da soja Piezodorus guildinii” (PI 9903509-0) tem como princípio ativo o composto metil 2,6,10 trimetiltridecanoato, responsável pela atração de várias espécies de percevejos do complexo da soja, incluindo o percevejo marrom da soja o Euschistus heros.

A patente é um ativo mensurável e, por isso, estimula a realização de investimentos em pesquisa. Os contratos de transferência de tecnologia que envolvem direito de propriedade e patente garantem às empresas envolvidas mais segurança na cooperação, ao mesmo tempo em que resultam em agregação de valor aos produtos ou serviços gerados.

Segundo o pesquisador, a transferência de tecnologias de controle biológico ao setor produtivo é uma forma fazer com que cheguem mais rápido aos consumidores, levando saúde e nutrição para a mesa da população. “Ou seja, quem lucra é o País e a sociedade brasileira, pois a criação de inovações que resultam em produtos que beneficiam a sociedade brasileira ajudam a trazer o progresso para o Brasil. Além disso, a comercialização de patentes gera recursos para futuras pesquisas”, enfatiza.
 
 Tecnologia da Embrapa amplia “vida de prateleira” de inseticidas biológicos
 
O outro destaque da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia durante a Expointer 2014 será a Tecnologia de Vida de Prateleira – TEV. Desenvolvida em parceria com duas entidades de pesquisa dos Estados Unidos, a tecnologia é capaz de resolver um dos piores problemas enfrentados pelos produtores de inseticidas biológicos no Brasil: a armazenagem desses produtos sob altas temperaturas. Por isso, pode ser determinante para aumentar o mercado para produtos à base de fungos no país.

As pesquisas de controle biológico de pragas e doenças vêm ganhando importância junto à sociedade atual, que é cada vez mais exigente em relação à utilização de produtos saudáveis e alimentos livres de resíduos de agrotóxicos.  

O uso de produtos biológicos à base de fungos para controlar pragas agrícolas tem aumentado significativamente no Brasil. Entretanto, a maioria dos produtos encontrados no mercado nacional apresenta estabilidade reduzida durante o armazenamento sob condições não refrigeradas, o que reduz o seu potencial mercadológico.

Segundo o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Marcos Faria, que é um dos responsáveis pelo desenvolvimento da tecnologia, enquanto o prazo de validade dos produtos químicos é medido em anos, o dos biológicos é de meses, às vezes até semanas. “Esse é um dos fatores limitantes ao crescimento do mercado para os produtos biológicos no Brasil”, afirma.

A TEV, baseada em uma técnica específica de empacotamento dos produtos, permite ampliar de quatro semanas para seis meses a validade de pesticidas biológicos à base de fungos.

Os testes foram desenvolvidos com produtos à base de vários fungos utilizados no Brasil para controle biológico de insetos-praga. Entre eles, destacam-se: o Metarhizium anisopliae, utilizado para o controle da cigarrinha da cana-de-açúcar e que hoje já é aplicado em mais de um milhão de hectares em todo o país; o Beauveria bassiana, usado no controle da mosca branca e da broca do café e os da classe dos Trichoderma, aplicados em culturas como feijão e soja.

Os experimentos avaliaram os produtos a temperaturas superiores a 40 graus durante todo o tempo de armazenamento.

Segundo Faria, muitas empresas privadas já demonstraram interesse na tecnologia, o que comprova o interesse do setor em melhorar a qualidade dos produtos biológicos. “Esperamos que essa inovação possa contribuir para aumentar a aceitação dos produtos biológicos pelos produtores brasileiros e, assim, colaborar para uma agricultura mais saudável e menos dependente de produtos químicos”, finaliza o pesquisador.

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