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Vendas esfriam e preços de fertilizantes vão subir, aponta indústria


Avião é preparado para pulverizar adubo em fazenda na região de Palmas (TO).

Gazeta do Povo (AgroGP) com Reuters

As vendas de fertilizantes no Brasil devem ter uma desaceleração neste segundo semestre, em relação ao forte ritmo visto nos primeiros meses deste ano, mas o setor ainda espera encerrar o ano com vendas recordes, indicam representantes da indústria.


“É muito provável que, daqui até o final do ano, não vamos observar um crescimento como visto anteriormente. Hoje está havendo uma deterioração da relação de troca e isso é preocupante”, aponta o presidente do Conselho de Administração da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), George Wagner Bonifácio e Sousa, em conferência de imprensa.

A Anda não divulga estimativas para consumo de fertilizantes no ano, mas citando consultorias especializadas a indústria aponta venda de 32 milhões de toneladas, superando o recorde de 31 milhões de toneladas de 2013.

As vendas de fertilizantes no acumulado janeiro a julho mantiveram forte alta, avançando 7% ante um ano atrás, para 16,24 milhões de toneladas, em meio à antecipação de compras graças a uma relação de troca mais favorável ao produtor na primeira metade do ano.

Os produtores do Brasil, embora tenham antecipado suas compras no primeiro semestre, ainda têm de fazer boa parte dos negócios visando o plantio da safra de verão de grãos, a partir de setembro.

Essas aquisições deverão ser realizadas em um cenário de desvalorização dos grãos, graças à perspectiva de safras recordes nos Estados Unidos e no Brasil. No contraponto os preços dos fertilizantes vivem, atualmente, uma pressão de alta. Sousa indica que o atual cenário de oferta no mercado internacional implica em elevação nos preços de fertilizantes nitrogenados e nos produtos à base de potássio.

O diretor-executivo da Associação dos Misturadores de Adubo do Brasil (Ama-Brasil), Carlos Eduardo Florence, reforça a perspectiva de que a curva de preços internacionais de commodities aponta para uma baixa, enquanto a de fertilizantes — que são subsidiados em países como Índia e China — indicam alta. Ele considera que as vendas para adubar o milho segunda safra, cujas entregas começam entre novembro e dezembro, poderão ser mais comprometidas.


Dependência externa

O Brasil é o quarto maior consumidor global de fertilizantes — compostos pelos nutrientes NPK (nitrogênio, fósforo e potássio), mas com uma fatia que corresponde a apenas 6% das aquisições mundiais. China, Índia e Estados Unidos respondem juntos por mais de 60% das vendas totais.

O diretor-executivo da Anda, David Roquetti Filho, ressalta que o país importou 77% de sua demanda total por fertilizantes em 2013, e precisa de investimentos para reduzir esta dependência. Neste ano o descompasso ficou maior. As importações do setor no acumulado até julho saltaram quase 13% ante um ano atrás, para 13,24 milhões de toneladas. Já a produção interna, no mesmo período, recuou 10%, para 4,89 milhões de toneladas.

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