Tecnologia antecipa movimento da lagarta-do-cartucho
Para empregar consórcios agrícolas ou construir áreas de refúgio mais eficientes
Uma tecnologia desenvolvida por pesquisadores da USP e da Unesp vai possibilitar o manejo mais eficiente de insetos que atacam lavouras. Os cientistas desenvolveram modelos matemáticos para ‘antecipar’ a movimentação da população da lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda), e assim empregar consórcios agrícolas ou construir áreas de refúgio mais eficientes.
“A ideia é utilizar modelos computacionais para definir estratégias capazes de reduzir os danos causados pelas populações de pragas em plantas e conter sua expansão pelas lavouras”, disse Wesley Augusto Conde Godoy, professor da Esalq e coordenador do projeto, que publicou os resultados mais recentes do estudo na Revista Scientific Reports.
A primeira experiência foi a modelagem da movimentação da Diabrotica speciosa, conhecida popularmente como vaquinha-verde ou larva-alfinete, que ataca diversas culturas, como soja, milho e algodão. “Observamos que a presença de faixas de milho distribuídas na área agrícola poderia reduzir a dispersão espacial do inseto”, disse Godoy.
O especialista explica que “quanto maior a área de refúgio, menor será a frequência de indivíduos resistentes à cultura Bt (Bacillus thuringiensis)”. Utilizando modelo computacional baseado em autômatos celulares, os pesquisadores conseguem prever a movimentação dos insetos e assim determinar ao melhor tamanho e configuração dos refúgios, seja em blocos ou em faixas.
“Ainda não se sabe que mecanismos poderiam desencadear comportamentos dessa natureza. Contudo, os resultados encontrados até o momento têm implicações práticas importantes porque podem ter relação com o aumento da velocidade de resistência do inseto às plantas Bt”, conclui Godoy.