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Defensivos: “Custos das matérias-primas devem subir”

Setor de agroquímicos é importador de matérias-primas, com custo vinculado ao Dólar


Foto: Divulgação

Presidente reeleito do Sindiveg, Júlio Borges Garcia afirma que as "indústrias preveem aumento de custos de matérias-primas”. Nessa entrevista (originalmente publicada no portal chinês Agropages) ele fala sobre sua gestão e como pretende consolidar a entidade como representante nacional da indústria agroquímica. Garcia, que também é presidente da Iharabras Indústrias Químicas, projeta ainda os reflexos da crise mundial e da pandemia de COVID-19 sobre o setor.

Qual é a importância do seguimento de seu mandato para a continuidade do plano de reestruturação e fortalecimento do Sindiveg?

Júlio Borges Garcia - A nova diretoria conta com executivos da alta direção de 14 de nossas empresas associadas, com larga experiência no setor de defensivos e com o objetivo comum de unir esforços para dar continuidade à consolidação do Sindiveg como representante nacional da categoria. O seguimento também é importante para que possamos continuar trabalhando na nossa agenda de 4 pilares de atuação, explorados na questão abaixo.

Fale mais sobre os "4 pilares de atuação" da entidade e como eles estão sendo construídos?

Júlio Borges Garcia - Consolidação de um marco regulatório federal previsível, transparente e baseado em ciência, que resulte em um ambiente juridicamente seguro para as atividades de nossas associadas;

Representação legitima do setor com base em dados econômicos e informações estatísticas sobre mercado, tributos, registro de produtos, crédito e importações;

Defesa institucional do setor por meio de comunicação focada em dados e nos benefícios do uso de defensivos agrícolas na agricultura tropical;

Promoção do uso correto e seguro dos defensivos agrícolas.

Quais são os planos do Sindiveg no médio e longo prazos?

Júlio Borges Garcia - Posicionar o Sindiveg como representante da indústria nacional de defensivos agrícolas e como interlocutor importante junto ao governo, órgãos reguladores e cadeia produtiva do agronegócio.

Como vê a reação da indústria agroquímica frente à pandemia, e como projeta o desempenho desse ano?

Júlio Borges Garcia - A primeira preocupação do Sindiveg foi na proteção das pessoas que trabalham no setor. Com o reconhecimento de que a indústria de insumos agrícolas, incluídos aí os defensivos, como atividade essencial pelo governo federal, o setor tomou todas as precauções com base nas recomendações do Ministério da Saúde e OMS para continuar suas operações fabris.

O setor de defensivos é importador de matérias-primas, oriundas em especial, de países que sofreram e ainda estão sofrendo restrições em função da COVID-19. Com isso, nossa indústria tem seu custo vinculado ao dólar. A desvalorização e a volatilidade nas últimas semanas trouxeram um grande desafio para o gerenciamento de risco e a rentabilidade com consequente necessidade de repasse deste custo aos preços dos produtos. Mesmo que haja estoque de compras passadas, é importante ressaltar que aproximadamente 70% das importações começam a ocorrer agora e será com o valor da moeda atual. Além disso, as indústrias preveem aumento de custos de matérias-primas, principalmente as importadas que vem, basicamente, da China e Índia.

Decerto, podemos dizer que haverá impacto na rentabilidade dos negócios assumidos anteriormente e que os produtos mais afetados serão aqueles de uso imediato, nas culturas de cana, algodão e HF.

Por enquanto, os impactos na logística e distribuição têm sido leves. As associadas do Sindiveg vêm enfrentando postergações e/ou atrasos nos embarques, pois o sistema logístico mundial está sendo prejudicado em função do surto de coronavírus. Aqui no Brasil, não estamos no período de maior produção, mas estamos nos preparando, pois essa situação exige cautela. A falta de visibilidade sobre a crise propriamente dita e seus desdobramentos está forçando as empresas a reprogramarem todas as suas atividades comerciais e internas.

Qual é o tamanho do prejuízo pelo cancelamento e adiamento de diversos eventos?

Júlio Borges Garcia - As empresas se adaptaram rapidamente; trabalhando e atendendo seus clientes online. O cancelamento dos eventos e feiras agrícolas podem dificultar o lançamento de produtos e projetos, mas é preciso entender que haverá um novo padrão de comportamento após esta crise. Prova disto, é que as empresas do setor adotaram todos os cuidados recomendados para proteger suas equipes e até o presente momento, sem prejuízo da produção e da produtividade.

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