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Deriva ameaça sericultura no Paraná

Governo, entidades e produtores traçam ações para o controle do problema


Foto: Divulgação

A sericultura é a criação do bicho-da-seda e o cultivo da amoreira cujas folhas servem como alimento da lagarta e para a produção dos fios de seda. No Paraná a atividade tem grande importância. Em 2019 foi responsável por um Valor Bruto de Produção (VBP) de R$ 53 milhões no Estado, impactando particularmente a economia de 165 municípios, com uma atividade que garante renda por nove meses ao ano. 

A Abraseda tem 2.370 produtores registrados no território paranaense. A atividade envolve aproximadamente 10 mil pessoas. São cultivadas amoreiras para alimentação dos bichos-da-seda em 4992 hectares, particularmente nas regiões Noroeste (38% dos barracões) e Norte (32%).

O Brasil produz 3,025 mil toneladas de casulos e o Paraná é responsável por 83% do volume.A sericicultura é uma oportunidade de diversificação de cultura para as pequenas propriedades. 

Uma atividade tem ameaçado a produção paranaense. Lideranças das principais entidades ligadas ao setor e produtores de seda traçam um plano de trabalho para combater a deriva de defensivos. Além da sericultura também há impacto em fruticultura, particularmente a uva, cultivos orgânicos e apicultura, em razão da coexistência no mesmo ambiente geográfico com culturas como cana-de-açúcar, mandioca, soja e milho.

Nesta semana Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, IDR-Paraná, Adapar e Ceasa debateram as medidas a serem adotadas. “A questão da deriva é um problema real e complexo, exige conhecimento, consciência do produtor, empatia para pensar no vizinho quando estiver aplicando agrotóxico, qualificação do aplicador, atenção e responsabilidade permanente dos técnicos e dos agricultores”, disse o diretor técnico da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Rubens Niederheitmann. “Não depende de uma ação apenas, mas de um trabalho integrado e do comprometimento de todos os atores do processo.”

O plano traça, entre outras ações, a elaboração de uma minuta de portaria, em fase de conclusão; a criação de um aplicativo, que está em estudos, para georreferenciar todas as propriedades que desenvolvem a sericicultura ou que tenham plantação de amoreiras no Estado; além de um trabalho, também em andamento, de capacitação de técnicos e agricultores; e da inspeção dos pulverizadores agrícolas.

“Há falta de conhecimento sobre o uso da tecnologia de aplicação, mas temos de resolver isso, sobretudo de forma preventiva, para que a gente não gaste energia nas ações corretivas”, afirmou o coordenador regional Noroeste do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná-Iapar-Emater (IDR-Paraná), Cristivon Ripol.

O presidente do instituto, Natalino Avance de Souza, destacou que a resposta para o problema está sendo organizada com competência. “Estamos construindo um referencial sobre como lidar com essa questão da deriva de agrotóxico no Estado, uma ação de garantia de convivência harmônica de atividades importantes para o Estado”, afirmou. Segundo ele, a mesma atenção será dedicada a outras cadeias que também são impactadas por esse problema.

A Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) trabalha na elaboração de uma nova legislação para disciplinar a questão da aplicação de agrotóxicos. “Mas a solução não está simplesmente em estabelecer penalidades, a solução está em discutir como dar sustentabilidade aos negócios do Paraná, e a seda é um negócio muito importante”, ponderou o presidente da instituição, Otamir Cesar Martins. “Precisamos ter a sociedade, representada pelos produtores, junto conosco.”

A presidente da Associação Brasileira da Seda, Renata Amano, salientou que neste primeiro semestre já foram desenvolvidas diversas ações e que os bons resultados apareceram. “Mas o mais importante é que estamos construindo todo esse ecossistema para trabalhar em ações preventivas e de conscientização”, acrescentou.
 

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