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Descoberta pode alavancar indústria de biológicos

Método é mais barato e mais rápido e promete impulsionar os produtos de base biológica


Foto: Marcos Vicente

O mercado de produtos de base biológica para a agricultura avança no país. E uma descoberta pode alavancar ainda mais o setor. Pesquisadores brasileiros e americanos conseguiram aperfeiçoar a técnica de fermentação líquida submersa (FLS), visando à produção em escala industrial de biomassa de fungos filamentosos, usados na composição de pesticidas biológicos para a proteção de culturas. Esse processo impulsiona a produção de fungos para o controle biológico de pragas e doenças na lavoura. 

O método é voltado especialmente aos fungos entomopatogênicos e micoparasitas de importância agrícola e foi realizada com as espécies Beauveria bassiana e Trichoderma. É mais barato que o método convencional usado e permite células fúngicas mais estáveis e que têm maior potencial no campo. O FLS também é mais rápido. A produção leva de dois a três dias, enquanto o convencional chamado de FSE pode levar até dez dias, no caso da espécie Beauveria bassiana.

As pesquisas culminaram no registro de duas patentes de uso comum nos países. A técnica também pode ser adaptada para produção de outros fungos benéficos, como Cordyceps (Isaria), Akanthomyces (Lecanicillium), Hirsutella e Metarhizium, entre outros. 

Com menos custo e tempo a ideia é que este processo possa atender a uma demanda da indústria de defensivos biológicos, que anseia pelo desenvolvimento de métodos mais eficientes e capazes de viabilizar economicamente a produção em larga escala desses fungos, usados no biocontrole de pragas e doenças como alternativa ao uso de pesticidas químicos. Empresas do setor de biopesticidas têm procurado a Embrapa para desenvolver projetos de otimização de FLS para fungos biocontroladores de insetos, fitopatógenos e nematoides

A descoberta foi feita durante o doutorado do analista da Embrapa Meio Ambiente (SP) Gabriel Mascarin, nos Estados Unidos, em 2015, orientado pelo pesquisador Mark Alan Jackson, do Serviço de Pesquisa Agrícola do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (ARS-USDA). “Acreditamos que o avanço gerado pode revolucionar a indústria de bioinsumos, uma vez que a tecnologia abre o caminho para substituição dos processos na planta industrial, que atualmente estão calcados na fermentação sólida, um método oneroso e economicamente menos eficiente”, destaca Mascarin.

Até 2015 existiam apenas 107 registros de produtos biológicos no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Atualmente existem atualmente 309 biodefensivos registrados. Em 2019, houve registro de 43 produtos. Em 2020, até o fim de junho, o Mapa concedeu 28 registros. Segundo levantamento da CropLife Brasil os fungos respondem por 39% das soluções biológicas. Em seguida vem as bactérias, com 18,7% e os insetos com 15,5%. Ainda aparecem na lista semiquímicos, bioquímicos, vírus, nematoides e ácaros.
 

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