Manejo fitossanitário tem momento certo, diz pesquisador
“A primeira aplicação é fundamental"
“A primeira aplicação é fundamental" - Foto: Divulgação
Em um ciclo agrícola marcado pela pressão dos custos e pela busca por eficiência, o momento de iniciar o manejo fitossanitário tem se mostrado um dos fatores mais determinantes para o resultado da safra. A avaliação é do pesquisador e consultor Ricardo Balardin, referência em Fitopatologia e fundador da DigiFarmz Smart Agriculture, que alerta para o risco de interpretar economia como eficiência quando se trata de controle de doenças.
Balardin explica que a chamada “aplicação que zera o inóculo” é o ponto mais crítico do programa de controle, pois atua antes da infecção se manifestar. Ele destaca que a ausência de sintomas não significa ausência de patógenos e que o intervalo entre o surgimento da doença e a reação do produtor é, muitas vezes, o que determina a perda de produtividade.
“A primeira aplicação é fundamental porque é ela que reduz o inóculo inicial, aquele que vem da palha, da semente ou da parte aérea. Se eu permito que esse inóculo se estabeleça, o jogo sai da minha mão”, comenta.
A consequência financeira desse atraso, aponta o especialista, é expressiva. A cada dia de atraso em uma aplicação necessária, as perdas podem chegar a 30 quilos de soja por hectare, acumulando de três a cinco sacas ao final do ciclo. O problema, segundo ele, é que esse prejuízo não aparece na planilha de custos, mas na colheita.
Embora a primeira aplicação seja decisiva, Balardin ressalta que ainda é possível corrigir parte do manejo nos estágios seguintes, ajustando o programa para minimizar o dano acumulado. Ele defende que o produtor precisa trazer a decisão de volta para seu controle, evitando que o cronograma de aplicações seja definido pelo medo de gastar.
“O que o produtor precisa não é de mais dados, é de clareza. Ele precisa saber quando agir e por quê. No manejo de doenças, quem perde o timing perde a safra. A agricultura não reembolsa atraso”, conclui.