Pesticidas: “Avaliação de risco é a melhor ferramenta”
Segunda matéria da série com o professor Doutor em Patologia, João Lauro Viana de Camargo
Na visão do professor Doutor em Patologia, João Lauro Viana de Camargo, as avaliações do perigo e/ou do risco feitas pelas agências reguladoras ao redor do mundo “estão tornando mais eficaz a detecção e o gerenciamento de moléculas que poderiam provocar o câncer no homem”. Segundo patologista toxicológico, a administração do risco é a ferramenta mais realista e operacional.
“O esforço realizado nos últimos 30-40 anos para harmonização global dos procedimentos de avaliação do perigo e do risco de pesticidas, e a divulgação dos resultados dessas práticas, aumentaram a conscientização das autoridades sanitárias, do setor produtivo, dos pesquisadores e da opinião pública, sobre a possibilidade de os riscos químicos serem gerenciados”, disse Camargo em material produzido pelo Portal Ciência e Tecnologia Agro.
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De acordo com o especialista, é importante que as diferenças conceituais entre avaliação do perigo (hazard) e avaliação do risco (risk) sejam entendidas: “Enquanto a primeira é qualitativa – verificar se a substância tem o potencial de provocar o câncer em animais de laboratório e ou em humanos –, a segunda, decorrente da primeira, estima de modo quantitativo a probabilidade de a substância provocar câncer no homem. Como a sociedade não pode facilmente abrir mão do uso de toda e qualquer substância perigosa, a administração do risco passa a ser a ferramenta mais realista e operacional para tornar seguro o uso de produtos químicos”.
“Essas práticas não têm sido harmônicas ao redor do mundo principalmente porque algumas agências ainda carecem dos recursos técnicos e científicos necessários. Como resultado, o reconhecimento da associação causal ‘agente químico-câncer’ nem sempre é consensual entre as agências, ou entre elas e outras entidades avaliadoras, acadêmicas ou privadas”, conclui.
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