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Antracnose

(Elsinoë ampelina) Culturas Afetadas: Uva

Anamorfo: Sphaceloma ampelinum
Sinônimo: Elsinöe viticola

A antracnose é uma das mais importantes doenças da videira em regiões úmidas. Os danos na produção são severos e reduzem significativamente a qualidade e quantidade da colheita em variedades suscetíveis. Quando a severidade é alta, o vigor da planta é afetado, comprometendo não apenas a safra do ano, mas também safras futuras. Esta doença é também conhecida por “olho de passarinho”, devido ao sintoma característico nas bagas. Outras sinonímias da doença são varíola, varola, carvão e negrão. A antracnose é originária do continente europeu e tem sido relatada em todas as áreas produtoras de uva do mundo.

Sintomas - A antracnose manifesta-se em todos os órgãos aéreos da planta. Tecidos jovens, verdes e suculentos são os mais suscetíveis.

Nas folhas, os sintomas apresentam-se como pequenas manchas (1 a 5 mm de diâmetro) circulares, pardo-escuras, levemente deprimidas. As lesões são, normalmente, muito numerosas e podem coalescer, tomando parte expressiva do limbo, ou permanecer isoladas. O tecido necrótico eventualmente desprende-se da lesão, que transforma-se num pequeno furo. No pecíolo e nas nervuras, as lesões são alongadas. Nas nervuras, elas são mais notáveis na página inferior da folha. Estas lesões provocam o desenvolvimento desigual dos tecidos foliares que ocasiona o enrolamento e encarquilhamento das folhas. Como as folhas jovens são mais suscetíveis, estas deformações são mais evidentes nos ápices dos brotos, que parecem queimados.

Em brotos, sarmentos jovens e gavinhas, formam-se, inicialmente, manchas necróticas pardo-escuras que progressivamente vão se alargando, aprofundando-se no centro, transformando-se em verdadeiros cancros, acinzentados na parte central, deprimidos, pardo-escuros nos bordos e levemente salientes. Sob condições de alta umidade, à parte deprimida das lesões apresenta massas rosadas formadas pelos esporos do agente causal. A manifestação da doença nos ramos, quando severa, restringe seu crescimento e ocasiona o subdesenvolvimento das folhas, que tomam uma coloração mais clara que as folhas normais.

Nas bagas, a doença manifesta-se como manchas circulares, necróticas e isoladas. Quando completamente desenvolvidas, as manchas alcançam 5 a 8 mm de diâmetro, apresentam o centro acinzentado e os bordos pardo-avermelhadas. Estes sintomas são conhecidos pelo nome de “olho-de-passarinho”. As lesões podem, eventualmente, estender-se até a polpa e provocar rachaduras na casca da uva. Na ráquis e nos pedicelos, as lesões são semelhantes àquelas que ocorrem em brotos e sarmentos.

Controle - O controle da antracnose deve aliar medidas tomadas no período de repouso da planta, com o objetivo de reduzir o inóculo inicial e medidas tomadas no decorrer do ciclo vegetativo, para evitar o desenvolvimento de epidemias.

A eliminação de restos de ramos podados e frutos mumificados, pelo fogo por exemplo, é a primeira medida a ser tomada no inverno. Em plantas muito afetadas, recomenda-se a limpeza do tronco com estopa, eliminando-se toda a casca velha, para, em seguida, aplicar calda sulfo-cálcica a 4º Baumé. O preparo da calda sulfo-cálcica é trabalhoso.

Para preparar o concentrado de calda, deve-se seguir os seguintes passos:

1 - peneirar 15 kg de enxofre em pó e fazer uma pasta usando um pouco de água. Para a melhor dissolução do enxofre, pode-se adicionar 20 ml de espalhante adesivo;

2 - colocar a pasta num tonel de 200 litros e acrescentar 80 litros de água;

3 - dissolver e levar ao fogo, adicionando-se, em seguida, 12 kg de cal virgem. Esta mistura deve ferver por uma hora, sob constante agitação. Durante a fervura, o nível de água deve ser sempre completado para 60 litros;

4 - quando a calda passar da cor vermelha para pardo-avermelhadas, apagar o fogo e deixar resfriar;

5 - a calda deve então ser filtrada numa peneira de malha de 0,8 mm, dobrada;

6 - deve-se medir a densidade da calda, com um areômetro de Baumé. Densidade igual ou superior a 25º Baumé é considerada boa;

7 - a calda deve ser acondicionada em recipientes de vidro ou plástico, em local escuro. O período de armazenamento não deve exceder um mês;

8 - no momento da aplicação, a calda deve ser diluída, até atingir 4º Baumé (Tabela 1).

Tabela 1 - Quantidade de água a ser acrescentada a um litro da concentração original para atingir 4º Baumé.

 

Concentração original da calda   

33º

32º

31º

30º

29º

28º

27º

25º

22º

20º

17º

Litros de água 

9.4

9.0

8.6

8.2

7.8

7.4

7.1

6.4

5.3

4.7

3.7

 

Durante o período vegetativo da planta, pode-se aplicar os seguintes produtos, registrados para o controle da doença: sulfato de cobre + hidróxido de cálcio (calda bordalesa), hidróxido de cobre, oxicloreto de cobre, oxicloreto de cobre + mancozeb, captan, chlorothalonil, mancozeb, folpet, ziram e tiofanato metílico. Deste grupo, apenas o tiofanato metílico é sistêmico. As aplicações devem ser efetuadas a partir do estádio fenológico 5 e repetidas semanalmente, para os fungicidas protetores, até o início da produção.

A calda bordalesa pode ser adquirida em formulação comercial (Bordamil, Mildex Br), ou ser preparada na propriedade. O método clássico de preparo da calda bordalesa consiste em dissolver 2 kg de sulfato de cobre (CuSO4. 5H2O) em 50 litros de água, num recipiente de madeira ou cimento. Em recipiente separado, deve-se dissolver 2 kg de cal em 50 litros de água. As duas soluções devem ser misturadas num terceiro recipiente. Obtém-se, assim, uma calda de proporções 2:2:100 (Tabela 2).

Tabela 2 - Programa de controle de antracnose e míldio da videira com aplicações de calda bordalesa.

Aplicação (nº)  Dosagem recomendada   Época de aplicação
1   0.5:0.5:100 ou 1:1:100   Estádio fenológico 7
2   1.5:1.5:100 ou 2:2:100   14 dias após a primeira aplicação
3         1.5:1.5:100 ou 2:2:100   Estádio fenológico 17
 2:2:100     Estádio fenológico 31
5   2:2:100     14 dias após a quarta aplicação
6   2:2:100     Estádio 35
7   2:2:100     Estádio41

Além do controle químico, a antracnose pode ser controlada com o uso de cultivares resistentes. São considerados resistentes a espécie Vitis riparia e os cultivares Bacco 22A, Seibel 4986, 5. 5213, 5. 5437, 5. 5455. Como tolerantes são citados Seyval (SV 5276), Seibel 10146, Seibel 2, Seibel 1077 e Isabel.

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