A quarentena imposta aos municípios que apresentaram focos da doença de Aujezsky não deve atrapalhar os planos de retomada das exportações de carne suína para a Rússia. Segundo o presidente do Sindicato da Indústria da Carne de Santa Catarina (Sindicarnes), José Zeferino Pedrozo, os frigoríficos teriam plenas condições de rastrear os animais entregues para o abate e cumprir as exigências dos importadores, que já estão procurando as empresas catarinenses para o fechamento dos primeiros negócios.
Os embarques devem voltar a acontecer a partir do desembaraço dos documentos que tratam dos acordos entre os países. Um representante do governo brasileiro está sendo enviado para a Rússia para tratar do assunto. "Seremos novamente os maiores exportadores para a Rússia", previu Pedrozo. O dirigente acredita que o Estado terá condições de abocanhar a maior parte das 83 mil toneladas inicialmente acordadas para a exportação. Esse volume poderia inclusive ser ampliado, dependendo da habilidade das empresas na negociação com os importadores.
Com os negócios fechados no ano passado, a carne catarinense ganhou credibilidade e a preferência do consumidor russo, que também estaria esperando pela volta do produto ao mercado. "Mesmo com esse sistema de cotas, não há dúvidas de que poderemos reconquistar o mercado."
Conforme Pedrozo, as empresas estão prontas para realizarem vendas assim que receberem o sinal verde do governo. "As empresas terão plenas condições de deslocar a produção desses municípios com restrições para o mercado interno."
O impedimento de vários municípios catarinenses de exportarem para a Rússia está fazendo com que a Sadia mude sua logística caso queira usar a planta de Concórdia. "Mas a decisão de voltar para exportar para a Rússia não nos afetou muito porque já mandávamos carne para lá pelas fábricas de Toledo (PR) e Uberlândia (MG)", explica o diretor de relações institucionais da Sadia, Felipe Neves.
O que mais preocupa o presidente do Sindicarnes é a situação do preço do suíno. Segundo ele, no fechamento dos negócios com a Rússia, as empresas não podem permitir o um novo rebaixamento do preço da tonelada, cotada a cerca de US$ 800,00. "Já vendemos a tonelada à US$ 1,2 mil. Precisamos recuperar os preços para podermos viabilizar novamente a suinocultura."
A Sadia defende a ruptura do Circuito Pecuário Sul, formado atualmente por Santa Catarina e Rio Grande do Sul, para impulsionar as vendas externas do estado. A empresa, com plantas nos três estados do Sul mais Minas Gerais, estima que um circuito formado apenas por Santa Catarina abriria às portas dos mercados da União Européia, Japão, Coréia do Sul, Chile e Romênia.
A empresa defende que o governo brasileiro envie proposição para a Organização Internacional de Epizootias (OIE) sugerindo a cisão do Circuito Pecuário Sul. "Desta forma sem dúvida ampliaríamos nossas vendas."