O governo brasileiro entregou ontem (05-06), em Genebra, um documento que acusa os Estados Unidos de provocarem prejuízos de US$ 640 milhões por ano com os subsídios concedidos à sua lavoura de algodão. Para discutir este problema, além de outros assuntos como agrobusiness, sustentabilidade da cultura e perspectivas para a indústria têxtil, os maiores produtores de algodão se reuniram hoje, em Brasília.
O coordenador-geral de Contenciosos do Itamaraty, Roberto Azevedo, explicou que os Estados Unidos praticam o subsídio doméstico, que a principio não é ilegal, mas quando causa prejuízo grave a outros países é considerado uma infração. O governo brasileiro entrou, em dezembro do ano passado, com um processo junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) alegando que a prática dos Estados Unidos causa prejuízos graves aos produtores brasileiros de algodão.
De acordo com os cálculos da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), os Estados Unidos investem US$ 4 bilhões por ano para subsidiar o produto. O conselheiro Administrativo da Abrapa, João Luiz Pessa, lembrou que esse forte subsídio americano começou em 2001. Com essa interferência, o preço do algodão despencou de US$ 0,70 por libra/peso para US$ 0,34, no mercado internacional. Atualmente a libra/peso do algodão está cotada em US$ 0,50.
Os produtores brasileiros estimam gastar US$ 400 mil com os custos do processo na OMC. A Abrapa divulgou hoje, que até agora já foram gastos US$250 mil com viagens, contratação de advogados e economistas, além da elaboração de estudos que provem que as exportações brasileiras de algodão estão sendo prejudicadas pelos americanos.
Roberto Azevedo explicou que a OMC se manifestará em dezembro, dando um parecer sobre a questão. Depois disso, de acordo com as normas do Direito Internacional de Comércio, quem perder poderá entrar com apelação que arrastará a decisão por mais quatro meses.